Datafolha aponta que 57% dos moradores do Rio aprovam megaoperação policial
Levantamento revela que a maioria dos cariocas considera a intervenção um sucesso, apesar de 121 mortos.
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha revelou que 57% dos moradores do Rio de Janeiro e da região metropolitana consideram a recente megaoperação policial, que resultou na morte de pelo menos 121 pessoas, um sucesso. A intervenção, a mais letal da história do estado, ocorreu na última terça-feira (28) e teve como alvo o Comando Vermelho, uma das principais facções de tráfico de drogas do Brasil.
Em contrapartida, 39% dos entrevistados expressaram desaprovação em relação à operação, enquanto 3% não se posicionaram e 2% não souberam opinar. O levantamento foi realizado por meio de entrevistas telefônicas com 626 eleitores nos dias 30 e 31 de outubro, com uma margem de erro de quatro pontos percentuais.
O apoio à ação policial foi mais expressivo entre os homens, com 67% aprovando a operação, em comparação com 47% das mulheres. Entre os jovens de 16 a 24 anos, 59% se opuseram à avaliação positiva da operação, enquanto 49% da classe média, que ganha de cinco a dez salários mínimos, também a condenaram.
O Datafolha também detalhou que 48% dos entrevistados acreditam que a operação foi bem executada, enquanto 21% apontaram falhas na execução e 24% a reprovaram totalmente. A pesquisa indica que a percepção de sucesso é uniforme entre os diferentes segmentos socioeconômicos, embora haja algumas distinções notáveis.
Um aspecto relevante da pesquisa é a polarização política em torno da operação. Enquanto 67% dos eleitores do ex-presidente Lula desaprovam a ação, 83% dos apoiadores do atual governador Cláudio Castro (PL) a consideram um sucesso. Essa divisão reflete a complexidade das percepções sobre a segurança pública no estado.
Além disso, a pesquisa revelou que 50% dos entrevistados acreditam que a maioria das vítimas não era composta por agentes de segurança, mas sim por criminosos. Apenas 4% afirmaram que a maioria dos mortos era inocente, enquanto 31% acreditam que todos eram delinquentes.
Os dados oficiais indicam que 78 dos 119 indivíduos considerados suspeitos tinham antecedentes criminais. A operação, que deixou quatro policiais mortos, foi marcada por um intenso confronto entre as forças de segurança e os criminosos, que estavam armados com fuzis e utilizaram drones durante a ação.
Os moradores de comunidades afetadas pela operação relataram experiências traumáticas e expressaram preocupações sobre a segurança em suas áreas. A ação policial, que resultou em 113 prisões e a apreensão de 118 armas, incluindo 91 fuzis, foi defendida pelas autoridades como uma resposta necessária à violência crescente.
O secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, afirmou que o número de mortos pode aumentar conforme os corpos são registrados. A operação, considerada a mais letal do país, gerou um intenso debate sobre a eficácia de estratégias violentas em favelas e o impacto sobre a população civil.
Com a polarização política e a divisão de opiniões, a pesquisa do Datafolha destaca a complexidade da questão da segurança pública no Rio de Janeiro e a necessidade de um diálogo mais profundo sobre as estratégias adotadas para enfrentar a violência.
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