Moraes se reúne com governador do Rio para discutir megaoperação que deixou 121 mortos
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, busca esclarecer cumprimento de diretrizes após operação policial no Rio de Janeiro.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, se reunirá nesta segunda-feira, 3, com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e outros representantes da segurança pública do estado. O encontro ocorre no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) e visa discutir os desdobramentos da megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, que resultou na morte de pelo menos 121 pessoas, entre elas quatro policiais.
A operação, considerada a mais letal da história do estado, ocorreu no dia 28 de outubro e gerou grande repercussão, levando Moraes a assumir temporariamente a relatoria da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das Favelas, que busca garantir direitos fundamentais durante operações policiais nas comunidades cariocas.
Durante a reunião, Moraes exigirá um relatório detalhado sobre a operação, incluindo informações sobre o número de agentes envolvidos, a força empregada, os armamentos utilizados e as medidas de responsabilização em casos de abusos. O ministro também questionará sobre a assistência prestada às vítimas e seus familiares, como a presença de ambulâncias durante os confrontos.
Além de Cláudio Castro, estarão presentes o secretário de Segurança Pública do estado, Victor Santos, o comandante da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes, e o delegado-geral da Polícia Civil, Felipe Curi. A expectativa é que a reunião ocorra a portas fechadas, com o objetivo de garantir a privacidade das informações discutidas.
Após o encontro com o governador, Moraes terá audiências com outras autoridades, incluindo o presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Ricardo Couto, e o procurador-geral de Justiça, Antonio Moreira. Essas reuniões visam assegurar que o estado está cumprindo as diretrizes estabelecidas pelo STF após o julgamento da ADPF das Favelas.
A operação Contenção, que gerou controvérsias, foi realizada em resposta ao avanço territorial do Comando Vermelho (CV) nas zonas norte e leste do Rio. O governo estadual informou que 95% dos mortos tinham ligação com a facção criminosa, e 59 deles possuíam mandados de prisão pendentes.
O alto número de mortes durante a operação provocou reações de defensores dos direitos humanos e da Defensoria Pública, que pedem maior transparência e responsabilização em relação ao ocorrido. O STF, por sua vez, busca garantir que as operações policiais respeitem os direitos dos cidadãos e sejam realizadas de maneira proporcional e transparente.
Além disso, Moraes determinou que o governo do estado comprove as providências adotadas para preservar os locais da operação para fins periciais e que a comunicação ao Ministério Público seja feita imediatamente. O ministro também questionou se as diretrizes constitucionais de busca domiciliar foram respeitadas, especialmente durante horários de entrada e saída de escolas.
A reunião de hoje é vista como um marco importante na relação entre o STF e o governo fluminense, especialmente diante da escalada de violência em operações policiais e a necessidade de garantir a proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos.
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