O ministro do STF, Alexandre de Moraes, busca esclarecer cumprimento de diretrizes após operação policial no Rio de Janeiro.
03 de Novembro de 2025 às 09h59

Moraes se reúne com governador do Rio para discutir megaoperação que deixou 121 mortos

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, busca esclarecer cumprimento de diretrizes após operação policial no Rio de Janeiro.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, se reunirá nesta segunda-feira, 3, com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e outros representantes da segurança pública do estado. O encontro ocorre no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) e visa discutir os desdobramentos da megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, que resultou na morte de pelo menos 121 pessoas, entre elas quatro policiais.

A operação, considerada a mais letal da história do estado, ocorreu no dia 28 de outubro e gerou grande repercussão, levando Moraes a assumir temporariamente a relatoria da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das Favelas, que busca garantir direitos fundamentais durante operações policiais nas comunidades cariocas.

Durante a reunião, Moraes exigirá um relatório detalhado sobre a operação, incluindo informações sobre o número de agentes envolvidos, a força empregada, os armamentos utilizados e as medidas de responsabilização em casos de abusos. O ministro também questionará sobre a assistência prestada às vítimas e seus familiares, como a presença de ambulâncias durante os confrontos.

Além de Cláudio Castro, estarão presentes o secretário de Segurança Pública do estado, Victor Santos, o comandante da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes, e o delegado-geral da Polícia Civil, Felipe Curi. A expectativa é que a reunião ocorra a portas fechadas, com o objetivo de garantir a privacidade das informações discutidas.

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Após o encontro com o governador, Moraes terá audiências com outras autoridades, incluindo o presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Ricardo Couto, e o procurador-geral de Justiça, Antonio Moreira. Essas reuniões visam assegurar que o estado está cumprindo as diretrizes estabelecidas pelo STF após o julgamento da ADPF das Favelas.

A operação Contenção, que gerou controvérsias, foi realizada em resposta ao avanço territorial do Comando Vermelho (CV) nas zonas norte e leste do Rio. O governo estadual informou que 95% dos mortos tinham ligação com a facção criminosa, e 59 deles possuíam mandados de prisão pendentes.

O alto número de mortes durante a operação provocou reações de defensores dos direitos humanos e da Defensoria Pública, que pedem maior transparência e responsabilização em relação ao ocorrido. O STF, por sua vez, busca garantir que as operações policiais respeitem os direitos dos cidadãos e sejam realizadas de maneira proporcional e transparente.

Além disso, Moraes determinou que o governo do estado comprove as providências adotadas para preservar os locais da operação para fins periciais e que a comunicação ao Ministério Público seja feita imediatamente. O ministro também questionou se as diretrizes constitucionais de busca domiciliar foram respeitadas, especialmente durante horários de entrada e saída de escolas.

A reunião de hoje é vista como um marco importante na relação entre o STF e o governo fluminense, especialmente diante da escalada de violência em operações policiais e a necessidade de garantir a proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos.

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