Morre Lô Borges, ícone da MPB e cofundador do Clube da Esquina, aos 73 anos
Cantor e compositor mineiro faleceu em Belo Horizonte após complicações de saúde
Lô Borges, um dos mais influentes nomes da música popular brasileira (MPB) e cofundador do movimento Clube da Esquina, faleceu aos 73 anos em Belo Horizonte. A informação foi confirmada pela família do artista nesta segunda-feira (3).
O cantor estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde 17 de outubro, após sofrer uma intoxicação por medicamentos. Durante sua internação, ele necessitou de ventilação mecânica e passou por uma traqueostomia no dia 25 de outubro.
Natural de Belo Horizonte, Lô Borges nasceu como Salomão Borges Filho e se destacou ao lado de Milton Nascimento, com quem formou uma das parcerias mais icônicas da música brasileira. Juntos, eles deram vida a sucessos atemporais como “Um girassol da cor do seu cabelo”, “O trem azul” e “Paisagem da Janela”.
Aos 10 anos, Lô conheceu Milton Nascimento no Edifício Levy, em sua cidade natal. Em uma entrevista ao programa “Conversa com Bial”, ele recordou o momento: “Sentei na escadaria, dei de cara com um carinha tocando violão, era o Bituca. Eu tinha 10 anos, e ele tinha 20. [...] Fiquei vendo o Bituca tocando violão, e ele assim comigo: 'Você gosta de música, né, menino?'
O encontro com Milton foi apenas o começo de uma trajetória que mudaria a face da música brasileira. Lô também se lembrou de outro encontro marcante: “Dois meses depois, ao acaso, conheci o Beto Guedes, que também tinha 10 anos, andando numa patinete. Eu fiquei encantado pela patinete, abordei o cara, o cara era Beto Guedes”.
Após a mudança da família de volta para o bairro Santa Tereza, Lô seguiu a tradição musical que permeava sua casa. Milton Nascimento continuava a frequentar a residência da família, e foi em uma dessas visitas que a parceria que resultou no Clube da Esquina começou a se formar. “Tocou a campainha lá na casa da minha mãe, era o Milton Nascimento falando: 'Cadê o Lô?'. 'Ah, o Lô tá na esquina, num lugar que eles chamam de 'clube da esquina', ele está lá”.
O Clube da Esquina, que se tornou um movimento musical reconhecido mundialmente, lançou seu álbum homônimo em 1972, considerado por muitos como o maior álbum brasileiro de todos os tempos. O disco também foi classificado como o nono melhor de todos os tempos pela revista norte-americana “Paste Magazine”.
Após o sucesso do Clube da Esquina, Lô Borges lançou seu primeiro álbum solo, “Disco do Tênis”, em 1972. No entanto, o artista decidiu se afastar dos palcos por um tempo, vivendo em Arembepe, na Bahia, onde continuou a compor.
“Eu estava vivendo a minha vida, tocando violão, não parei de compor. As canções foram se avolumando na minha vida, aí eu voltei em 78, com muito mais maturidade e fiz um álbum que considero um dos melhores que já gravei, que é o Via Láctea”, contou Lô em uma de suas entrevistas.
Na década de 1980, ele fez sua primeira turnê nacional com o disco “Sonho Real” e, em 1990, voltou aos holofotes com a música “Dois Rios”, em parceria com Samuel Rosa. Desde 2019, Lô mantinha a tradição de lançar um álbum inédito por ano, sendo o último “Céu de Giz”, em agosto de 2025, uma colaboração com Zeca Baleiro.
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