Carlos Manzo, prefeito de Uruapan, foi morto a tiros durante celebração do Dia dos Mortos. Ele denunciava cartéis e pedia reforço federal.
03 de Novembro de 2025 às 10h49

Prefeito de Uruapan, Carlos Manzo, é assassinado durante festa do Dia dos Mortos

Carlos Manzo, prefeito de Uruapan, foi morto a tiros durante celebração do Dia dos Mortos. Ele denunciava cartéis e pedia reforço federal.

O prefeito da cidade de Uruapan, localizada no estado mexicano de Michoacán, Carlos Alberto Manzo Rodríguez, foi assassinado a tiros no último sábado (1º de novembro) durante a tradicional Festa das Velas, que ocorre na praça central da cidade. O ataque, que aconteceu em meio a uma celebração popular, resultou na prisão de dois suspeitos e na morte de um terceiro agressor, conforme informações da Secretaria de Segurança Pública do México.

O crime ocorreu por volta das 20h, horário local, quando Manzo se dirigia à praça para tirar fotos com crianças fantasiadas em homenagem ao Dia de Finados, logo após ter inaugurado a cerimônia de acendimento de velas. O prefeito, que era conhecido como “El del Sombrero”, estava no cargo desde setembro de 2024 e havia sido deputado federal pelo partido Morena entre 2021 e 2024.

Durante sua gestão, Manzo se destacou por suas denúncias contra o poder de gangues criminosas, como o Cartel Jalisco Nueva Generación (CJNG) e La Nueva Familia Michoacana. Ele frequentemente pedia reforço na segurança federal, alertando sobre a crescente violência na região. Em uma entrevista realizada em setembro, ele expressou sua preocupação, afirmando: “Não quero ser apenas mais um prefeito na lista dos executados”.

O prefeito criticava a abordagem do governo federal, que ele descrevia como “abraços, não balas”, e defendia ações mais rigorosas contra o crime organizado, incluindo a eliminação de criminosos armados. Para sua proteção, Manzo contava com guarda-costas da Guarda Nacional e reforço de segurança local desde dezembro do ano anterior. O secretário de Segurança Pública, Omar García Harfuch, informou que 14 agentes foram designados para patrulhar as áreas periféricas, conforme solicitado pelo prefeito.

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A presidente do México, Claudia Sheinbaum, convocou uma reunião de emergência com membros do gabinete de segurança federal, incluindo os Ministérios do Interior, Defesa e Marinha, além da Guarda Nacional. García Harfuch anunciou que equipes de investigação e promotores seriam enviados a Uruapan para apurar as circunstâncias do crime.

O assassinato de Manzo reacende a preocupação com a segurança de prefeitos no México, especialmente em um estado que é um dos mais violentos do país, marcado por disputas entre cartéis e grupos criminosos. Apenas um ano antes, o jornalista Mauricio Cruz Solís foi morto na mesma praça, minutos após entrevistar Manzo ao vivo nas redes sociais.

Centenas de moradores de Uruapan se reuniram nas ruas no dia seguinte ao assassinato, acompanhando o cortejo fúnebre do prefeito e clamando por justiça. Durante a manifestação, muitos gritaram “Justiça! Justiça! Fora Morena!”, referindo-se ao partido governista da presidente.

Nos últimos meses, Manzo havia utilizado suas redes sociais para solicitar apoio à presidente Sheinbaum no combate aos cartéis, acusando o governador de Michoacán, Alfredo Ramírez Bedolla, e a polícia estadual de corrupção. O clima de insegurança e a impunidade em relação a crimes violentos continuam a ser um desafio significativo para as autoridades locais.

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