A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS decidiu, por 19 votos a 12, não convocar Fábio Luís Lula da Silva para depor.
04 de Dezembro de 2025 às 14h16

CPMI do INSS rejeita convocação de Fábio Lula da Silva, filho do presidente Lula

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS decidiu, por 19 votos a 12, não convocar Fábio Luís Lula da Silva para depor.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS rejeitou, nesta quinta-feira, 4, o requerimento que solicitava a convocação de Fábio Luís Lula da Silva, conhecido como Lulinha, filho mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A votação, que terminou em 19 votos contra e 12 a favor, foi considerada uma vitória para a base governista, que atuou para barrar a ida de Lulinha ao colegiado.

O pedido de convocação foi apresentado pelo deputado federal Marcel van Hattem, do partido Novo, e se fundamentava em alegações de que João Muniz Leite, ex-contador da família Lula, teria recebido R$ 120 mil de Ricardo Bimbo, um dirigente do Partido dos Trabalhadores (PT). Bimbo, por sua vez, é apontado como beneficiário de repasses de uma empresa que estaria envolvida em um esquema de descontos ilegais a aposentados.

O texto do requerimento destaca que “a coincidência temporal entre os repasses da ADS, os pagamentos realizados por Bimbo e o vínculo direto desse contador com Lulinha é grave e exige esclarecimento imediato”. Além disso, menciona que Leite está sob investigação do Ministério Público de São Paulo por suspeita de lavagem de dinheiro relacionada ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

Atualmente, Lulinha reside na Espanha, onde atua na área de tecnologia. A decisão da CPMI ocorre em um contexto de crescente tensão política, especialmente após o depoimento de Edson Claro, ex-funcionário de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Claro afirmou à Polícia Federal que Lulinha teria recebido uma mesada mensal de R$ 300 mil e um pagamento único de R$ 25 milhões, oriundos de um esquema de fraudes em empréstimos consignados.

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A base aliada se organizou para impedir a convocação de Lulinha, classificando as denúncias como uma manobra da oposição para desviar o foco das investigações em curso. O deputado Paulo Pimenta, do PT, que já foi ministro da Secretaria de Comunicação, declarou: “Votamos contra e vamos denunciar o único objetivo, que é desviar o foco da investigação”. Ele ainda ameaçou processar parlamentares que acusarem Lulinha de receber pagamentos mensais.

Por outro lado, a oposição argumenta que a recusa em convocar o filho do presidente reforça as suspeitas sobre a relação dele com os esquemas investigados. O senador Sérgio Moro, do União Brasil, afirmou: “Temos o dever de apurar a mesada de R$ 300 mil ao senhor Fábio Lulinha da Silva, que está foragido. O governo não quer chegar ao coração do esquema criminoso”.

O requerimento de convocação foi assinado por deputados do partido Novo, que argumentam que há indícios financeiros que justificariam a oitiva de Lulinha. Entre os pontos levantados, estão o suposto pagamento mensal de R$ 300 mil, o repasse de R$ 25 milhões realizado pelo “Careca do INSS” e possíveis conexões do esquema com pessoas próximas ao presidente Lula.

O depoimento de Edson Claro, que revelou a atuação do “Careca do INSS” no esquema, foi confirmado por integrantes da CPMI, mas a comissão também já havia rejeitado anteriormente a convocação do próprio Claro, após articulação da base governista. O Partido dos Trabalhadores tentou desqualificar o depoente, chamando-o de “bandido”, enquanto também votou contra sua convocação.

A revelação das denúncias e a resistência da base aliada em ouvir personagens centrais do caso aumentam a temperatura política dentro da CPMI, indicando que as investigações sobre os supostos esquemas de fraudes continuarão a gerar polêmica e divisões entre os parlamentares.

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