Diretores do São Paulo pedem licença após revelação de esquema ilegal de camarotes
Douglas Schwartzmann e Mara Casares deixam cargos após vazamento de áudio sobre venda clandestina no Morumbi
Douglas Schwartzmann, ex-diretor adjunto de futebol de base do São Paulo, e Mara Casares, que até então ocupava a função de diretora feminina, cultural e de eventos, solicitaram licença de seus cargos nesta segunda-feira, 15 de dezembro. A decisão foi tomada após a divulgação de áudios que expuseram um esquema de venda ilegal de camarotes no Morumbi, especialmente durante shows, como o da cantora colombiana Shakira, realizado em fevereiro deste ano.
Os áudios revelaram que Schwartzmann e Casares estavam envolvidos na comercialização clandestina de ingressos, o que levou à necessidade de uma investigação interna no clube. Em uma das gravações, Schwartzmann admite que ele e outros envolvidos obtiveram lucros com a transação. “Eu não tenho camarote lá. Veio de quem? O que vai acontecer: a Mara vai ter que se explicar”, afirmou ele, referindo-se a possíveis consequências para Casares e o superintendente Marcio Carlomagno, que também estaria implicado no esquema.
O camarote em questão, identificado como 3A, é descrito em documentos internos do clube como “sala presidência” e está localizado em frente ao escritório do presidente Julio Casares. Este espaço é utilizado para reuniões e entrevistas, o que levanta preocupações sobre a utilização indevida de áreas reservadas do estádio.
O São Paulo Futebol Clube, em nota oficial, informou que tomou conhecimento do conteúdo dos áudios por meio da imprensa e que tomará as medidas necessárias após a devida apuração dos fatos. “Com base nessa análise, o Clube adotará as medidas que se mostrarem necessárias”, declarou a instituição.
O esquema de venda de camarotes, que teria gerado um faturamento de até R$ 132 mil, foi intermediado por Rita de Cassia Adriana Prado, que aparece nas gravações como responsável pela exploração do espaço. Os ingressos para o show da Shakira chegaram a custar R$ 2,1 mil cada, evidenciando o potencial de lucro que o esquema ilegal proporcionava.
Além disso, o estatuto do São Paulo prevê penalidades para sócios que cometerem infrações, incluindo advertências, suspensões e até afastamento definitivo. O caso levanta questões sobre a governança e a ética dentro do clube, especialmente em um momento em que a nova gestão busca restaurar a confiança da torcida.
Schwartzmann, em um momento da conversa gravada, mencionou que “ganhou” com o repasse de camarotes, mas destacou que a situação foi tratada como um negócio de confiança, sem a intenção de realizar ações erradas. “Teve negócio que você ganhou dinheiro, eu ganhei, todo mundo ganhou. Mas foi feito tudo na confiança”, disse ele, minimizando a gravidade da situação.
A saída de Schwartzmann e Casares do clube ocorre em um contexto de crescente pressão por transparência e responsabilidade nas gestões esportivas. A expectativa é que a apuração dos fatos traga à tona mais detalhes sobre a extensão do esquema e as possíveis responsabilidades dos envolvidos.
O São Paulo, que já enfrenta desafios dentro de campo, agora se vê diante de uma crise de imagem que poderá impactar sua relação com os torcedores e a comunidade. A situação exige uma resposta rápida e eficaz para restaurar a credibilidade da instituição.
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