Tesouro Nacional aprova garantia para empréstimo de R$ 12 bilhões aos Correios
Com aval do governo, Correios poderão quitar dívidas e pagar 13º salário de funcionários.
O Tesouro Nacional autorizou nesta quinta-feira a concessão de garantia da União para um empréstimo de R$ 12 bilhões que será contratado pelos Correios. Essa medida é fundamental para a estatal, que enfrenta uma grave crise financeira e precisa urgentemente honrar compromissos, incluindo o pagamento do 13º salário de seus empregados.
A garantia soberana assegura que, em caso de inadimplência, o governo federal assumirá os pagamentos, reduzindo assim o risco para os bancos envolvidos na operação. O empréstimo será dividido entre um grupo de cinco instituições financeiras: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander, com os três primeiros emprestando R$ 3 bilhões cada e os dois últimos, R$ 1,5 bilhão cada.
A operação foi aprovada em meio a um cenário de prejuízos acumulados pelos Correios, que atingiram R$ 6,05 bilhões de janeiro a setembro deste ano, com estimativas de que esse número possa chegar a R$ 10 bilhões até dezembro. Inicialmente, a estatal buscava um empréstimo de R$ 20 bilhões, mas a proposta foi rejeitada pelo Tesouro devido aos altos juros propostos, que chegavam a 136% do CDI.
Com a nova autorização, os Correios poderão acessar os recursos necessários para quitar dívidas atrasadas e garantir o pagamento do 13º salário, que deve ser realizado até esta sexta-feira, 19 de dezembro. A urgência desse pagamento é uma prioridade tanto para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva quanto para a própria estatal, que está em meio a negociações delicadas com os sindicatos de trabalhadores.
As negociações incluem a revisão do acordo coletivo de trabalho (ACT), que gerou tensões e levou à deflagração de greves em nove estados. Os sindicatos exigem benefícios como o vale-peru, um pagamento adicional de R$ 2.500, que a direção dos Correios alega não poder arcar devido à crise financeira.
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) está mediando as discussões entre as partes, buscando uma solução que evite a paralisação dos serviços públicos. Uma nova audiência foi marcada para 26 de dezembro, onde será discutido o resultado das assembleias que analisarão a proposta de acordo.
A proposta atual prevê um reajuste salarial de 5,13% a partir de janeiro de 2026, com um novo aumento baseado na inflação acumulada a partir de agosto de 2026. O acordo terá validade de dois anos, se aceito pelos trabalhadores.
Além disso, a reestruturação da empresa inclui medidas de corte de gastos e aumento de receitas, como a demissão de 15 mil funcionários ao longo de 2026 e 2027 e a busca por parcerias com o setor privado para ampliar os serviços oferecidos.
Com a garantia do Tesouro, os Correios esperam reverter a situação financeira e retomar a lucratividade até 2027, conforme estipulado no plano de reestruturação. A operação de crédito é vista como uma oportunidade crucial para a recuperação da estatal.
Veja também: