Sóstenes Cavalcante afirma que R$ 430 mil encontrados pela PF são de venda de imóvel
Deputado do PL nega irregularidades e diz que dinheiro é lícito, oriundo de transação imobiliária
O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) afirmou que os R$ 430 mil em dinheiro vivo apreendidos pela Polícia Federal (PF) em sua residência são provenientes da venda de um imóvel. A declaração foi feita após a operação da PF, que visava investigar possíveis irregularidades relacionadas ao uso de verbas públicas.
Em entrevista, Sóstenes declarou: “O valor encontrado é oriundo de contrato limpo, venda de um imóvel. Quem quer viver de dinheiro de corrupção não mantém dinheiro lacrado. É dinheiro lícito”. O montante foi localizado em um saco de lixo dentro do armário do flat onde o parlamentar reside em Brasília.
O deputado também negou qualquer irregularidade no uso da cota parlamentar, que é destinada a cobrir despesas relacionadas ao exercício do mandato. A PF investiga um suposto esquema de desvio de verbas através de contratos para aluguel de veículos, que seriam utilizados em nome do gabinete da Câmara dos Deputados.
“Querem pegar um carro alugado e um dinheiro de imóvel para desviar o foco da população. Eu vou até o fim, não temo investigações. Estão dizendo que lavo dinheiro de um contrato de R$ 4.500. Poderiam ver as câmeras da Câmara. O carro tem dois anos de uso e sempre esteve aqui, sendo filmado”, afirmou o líder do PL.
Além de Sóstenes, o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) também é alvo da operação, que cumpriu sete mandados de busca e apreensão em endereços no Distrito Federal e no estado do Rio de Janeiro. A investigação aponta que agentes políticos, servidores comissionados e particulares teriam atuado de forma coordenada para o desvio e ocultação de verbas públicas.
Os investigadores levantaram indícios de que os recursos desviados eram repassados a empresas de fachada e posteriormente submetidos a mecanismos de lavagem de dinheiro. Assessores dos dois parlamentares teriam movimentado milhões de reais, com um deles alcançando a casa dos R$ 11 milhões.
O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a quebra de sigilo bancário entre 2018 e 2024, além da quebra do sigilo de mensagens e conversas eletrônicas. A operação, chamada de Galho Fraco, foi desencadeada em resposta a denúncias de irregularidades no uso da cota parlamentar.
Em dezembro do ano passado, a PF já havia realizado uma operação de busca e apreensão em endereços ligados a assessores dos deputados, investigando o desvio de cota parlamentar por meio de contratos falsos com locadoras de veículos. A operação foi batizada de “Rent a Car”, em referência ao suposto esquema em que uma empresa de locação era utilizada para simular a prestação de serviços.
Sóstenes Cavalcante, que é líder do PL na Câmara, reafirmou sua disposição em colaborar com as investigações e apresentou a expectativa de que seus advogados e contador fornecerão todos os documentos necessários para esclarecer a origem dos recursos encontrados.
A operação da PF e as declarações de Sóstenes geraram repercussão nas redes sociais, onde o deputado Carlos Jordy afirmou ser alvo de uma “perseguição implacável” e de “pesca probatória”. Ele defendeu que cabe ao parlamentar contratar serviços eficientes e de baixo custo, sem se preocupar com a fiscalização da frota ou estrutura interna da empresa contratada.
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