Ministro das Finanças de Israel propõe emigração para reduzir população de Gaza em 50%
Bezalel Smotrich afirma que a nova administração de Donald Trump oferece uma 'oportunidade única' para Gaza
Em declarações polêmicas feitas nesta terça-feira (26), o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, sugeriu que Israel deve "conquistar" a Faixa de Gaza e implementar uma redução significativa da população palestina por meio de uma suposta "emigração voluntária". Durante um simpósio promovido pelo Conselho Yesha, uma organização que representa os colonos na Cisjordânia, Smotrich afirmou: "Podemos e devemos conquistar a Faixa de Gaza, não devemos ter medo desta palavra".
O ministro, que lidera o Partido Sionista Religioso, de extrema direita, expressou sua convicção de que, com a promoção da emigração voluntária, seria possível criar um cenário em que a população de Gaza fosse reduzida pela metade em um prazo de dois anos. "Não há dúvida de que em Gaza, com a nova administração dos Estados Unidos sob Donald Trump, existe uma oportunidade única que se abre", afirmou Smotrich.
A proposta de Smotrich gerou reações de indignação e preocupação, especialmente considerando que a Human Rights Watch, em relatório de 14 de novembro, classificou o deslocamento forçado de palestinos na Faixa de Gaza como um crime contra a humanidade. A organização denunciou as ações israelenses como violações graves dos direitos humanos, alegações que o governo israelense rejeita, considerando-as "completamente falsas".
A perspectiva de um aumento das tensões no Oriente Médio é palpável, especialmente com o retorno de Trump à presidência dos Estados Unidos, que, segundo Smotrich, traria um apoio incondicional a Israel. Durante seu primeiro mandato, Trump tomou decisões que foram amplamente vistas como desfavoráveis aos interesses palestinos, incluindo o reconhecimento de Jerusalém como a capital israelense.
As declarações de Smotrich se inserem em um contexto de crescente violência e conflito na região. Desde o início do atual ciclo de hostilidades, que teve início em outubro do ano passado, as forças israelenses realizaram operações militares intensas na Faixa de Gaza, resultando em um elevado número de mortos e deslocamentos forçados entre a população palestina. Estima-se que mais de 44 mil pessoas tenham perdido a vida em decorrência do conflito, enquanto o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, reporta que a maioria da população foi desalojada pelo menos uma vez.
A complexidade do conflito israelo-palestino é exacerbada por declarações como as de Smotrich, que refletem a postura de uma coalizão governamental de direita em Israel, a qual tem sido criticada por sua abordagem agressiva em relação aos palestinos. A comunidade internacional continua a observar com preocupação as implicações das políticas israelenses, que são frequentemente vistas como obstáculos à paz duradoura na região.
Enquanto isso, as tensões também se estendem ao Líbano, onde as forças israelenses realizaram ataques contra posições do Hezbollah, em meio a discussões sobre um possível cessar-fogo. O cenário atual no Oriente Médio é, portanto, caracterizado por uma combinação de confrontos militares e retórica incendiária, que desafiam os esforços para uma resolução pacífica do conflito.
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