Julgamento de ex-policiais da PRF por morte de Genivaldo Santos tem início em Sergipe
Três agentes são acusados de tortura e homicídio triplamente qualificado em abordagem que resultou em morte.
Começou nesta terça-feira (26) o julgamento de três ex-policiais rodoviários federais acusados de tortura e homicídio triplamente qualificado no caso da morte do agricultor Genivaldo de Jesus Santos. O incidente ocorreu durante uma abordagem policial em 25 de maio de 2022, no município de Umbaúba, em Sergipe.
O julgamento está sendo realizado no Fórum Estadual da Comarca de Estância, a 70 quilômetros de Aracaju. Genivaldo, que pilotava uma motocicleta sem capacete, foi abordado pelos agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e, durante a ação, foi colocado dentro de uma viatura da polícia. Os policiais utilizaram spray de pimenta e gás lacrimogêneo enquanto ele estava confinado no veículo, resultando em sua morte por asfixia.
Um laudo médico apontou que a causa do falecimento foi asfixia e insuficiência respiratória, após Genivaldo ter sido exposto a gases tóxicos por mais de 11 minutos. A perícia da Polícia Federal indicou que, embora a concentração de monóxido de carbono estivesse baixa, a presença de ácido sulfídrico era significativa e poderia ter contribuído para convulsões e dificuldades respiratórias.
Testemunhas relataram que Genivaldo estava nervoso durante a abordagem e foi agredido antes de ser colocado no porta-malas da viatura. A esposa dele, Maria Fabiana, chegou ao local e encontrou o marido dentro do veículo, que estava repleto de gás de pimenta. Ao pedir que os policiais abrissem o porta-malas para que ele pudesse respirar, foi informada de que ele estava “melhor do que nós” dentro da viatura.
Após a abordagem, Genivaldo foi levado ao pronto-socorro, mas chegou ao hospital sem vida. Maria Fabiana destacou que o marido era uma pessoa conhecida na comunidade e que várias testemunhas haviam alertado os policiais sobre seus problemas de saúde mental, levantando questões sobre a conduta dos agentes durante a abordagem.
Em outubro, a Justiça condenou a União a pagar mais de R$ 1 milhão em indenizações por danos morais à família de Genivaldo. A decisão considerou que a responsabilidade pelo dano causado era da União, independentemente da intenção ou culpa dos agentes envolvidos. Em um processo anterior, a mãe e o filho de Genivaldo já haviam sido indenizados em valores que totalizavam R$ 900 mil.
A expectativa é que o julgamento se estenda por alguns dias. Enquanto isso, os sete jurados do caso permanecerão incomunicáveis no salão do júri, e a sessão de hoje deve ser encerrada às 20h.
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