Estudo revela que mais da metade dos adultos nos EUA pode se beneficiar com Ozempic e similares
Mais de 137 milhões de americanos têm indicações para uso de remédios como Ozempic e Wegovy, segundo pesquisa.
Uma pesquisa recente, realizada por especialistas do Centro Médico Beth Israel Deaconess (BIDMC), revelou que mais de 137 milhões de adultos nos Estados Unidos, representando mais da metade da população adulta, poderiam se beneficiar de medicamentos da classe dos análogos de GLP-1, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro. Esses medicamentos são frequentemente prescritos para perda de peso, controle do diabetes e prevenção de eventos cardiovasculares recorrentes.
Os resultados da análise foram apresentados nas Sessões Científicas da Associação Americana do Coração e publicados na revista científica JAMA Cardiology. O estudo aponta que todos esses adultos têm pelo menos uma condição que justifica o uso desses tratamentos inovadores.
De acordo com Dhruv S. Kazi, um dos autores do estudo e diretor da unidade de cuidados críticos cardíacos do BIDMC, “esses números surpreendentes significam que provavelmente veremos um aumento significativo nos gastos com semaglutida, o princípio ativo do Ozempic e do Wegovy, nos próximos anos”.
Kazi enfatiza a importância de garantir acesso equitativo a esses medicamentos, que, embora eficazes, são de alto custo. “Apoiar os indivíduos para que possam permanecer na terapia a longo prazo deve ser uma prioridade para médicos e formuladores de políticas”, acrescenta.
No Brasil, o Ozempic já possui autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento do diabetes tipo 2. O Wegovy, que contém a mesma substância ativa, é aprovado para uso em pacientes com obesidade ou sobrepeso e pelo menos uma comorbidade relacionada, como hipertensão.
O Mounjaro, por sua vez, é fabricado pela Eli Lilly e tem a tirzepatida como princípio ativo. Ele é aprovado no Brasil para diabetes, enquanto seu uso para obesidade está em análise pela Anvisa. Nos EUA, a FDA já autorizou a tirzepatida para perda de peso, sendo comercializada sob o nome Zepbound.
Atualmente, cerca de 15 milhões de adultos nos EUA utilizam a semaglutida, que foi um dos medicamentos mais vendidos em 2023 em termos de despesas farmacêuticas. Contudo, esse número representa apenas pouco mais de 10% dos indivíduos que poderiam ser elegíveis para o tratamento.
Os pesquisadores estimam que, dos 137 milhões de adultos norte-americanos que se enquadram nas indicações, aproximadamente 35 milhões o fazem devido ao diabetes, 129,2 milhões para perda de peso e 8,9 milhões para a prevenção secundária de doenças cardiovasculares.
Ivy Shi, co-autora do estudo, destaca que “o grande número de adultos elegíveis para a semaglutida ressalta seu potencial impacto transformador na saúde da população”. No entanto, ela alerta que “estudos anteriores indicam que mais da metade dos pacientes que utilizam esses medicamentos consideram a terapia financeiramente inviável”.
Por fim, os responsáveis pelo estudo também mencionam que a tendência é que o número de pessoas elegíveis aumente, já que novos estudos sugerem que esses medicamentos podem ser eficazes para tratar outras condições de saúde, como doença renal crônica, insuficiência cardíaca, problemas hepáticos e renais, distúrbios por uso de substâncias e até demência.
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