Dólar atinge novo recorde de R$ 5,99 após pacotes fiscais do governo Lula
A moeda americana teve alta de 1,3% e fechou a R$ 5,989, refletindo insatisfação do mercado
O dólar comercial encerrou a quinta-feira, 28 de novembro de 2024, cotado a R$ 5,989, marcando uma alta de 1,3% em relação ao dia anterior. Durante o dia, a moeda norte-americana alcançou a máxima de R$ 6,003, um recorde histórico que gerou preocupações entre investidores e analistas financeiros.
A valorização do dólar ocorre em meio ao anúncio de um pacote fiscal pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não atendeu às expectativas do mercado. O desempenho da moeda reflete o descontentamento generalizado com as medidas anunciadas, que foram consideradas aquém do esperado por especialistas.
Em paralelo, o Índice B3, conhecido como Ibovespa, registrou uma queda de 1,4%, encerrando o dia a 125.881,03 pontos. A volatilidade do índice foi significativa, oscilando entre 127.667,73 pontos e 125.816,04 pontos ao longo da sessão.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, explicou que o governo espera economizar até R$ 327 bilhões até 2030 com as novas medidas. No entanto, o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, destacou que os efeitos fiscais serão menores do que os esforços necessários para atingir as metas fiscais do próximo ano.
Salto afirmou que a economia projetada pelo governo para os próximos dois anos pode ser inferior a R$ 45,1 bilhões, representando apenas 62,7% do esperado pela equipe econômica, que era de R$ 71,9 bilhões. Essa discrepância levanta questionamentos sobre a eficácia das medidas propostas.
Outro ponto de controvérsia foi a proposta de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para aqueles que recebem até R$ 5.000 mensais. Haddad declarou que a compensação será feita por meio da taxação de quem ganha mais de R$ 50.000, com uma alíquota fixa de 10%. Essa medida, segundo o ministro, representa a “maior reforma tributária da renda da história”.
Os analistas do Goldman Sachs indicam que as medidas do pacote fiscal devem resultar em economias modestas de cerca de R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026, o que corresponde a aproximadamente 0,25% do PIB ao ano. Para estabilizar a dívida pública e conter riscos inflacionários, seriam necessárias metas fiscais mais ambiciosas, com superávit primário de pelo menos 0,5% a 1% do PIB.
À medida que o governo busca implementar essas medidas, a expectativa é que a proposta de isenção do IRPF seja apreciada pelo Congresso Nacional, com previsão de início em 1º de janeiro de 2026. A tramitação e a aceitação dessas propostas serão cruciais para a recuperação da confiança do mercado financeiro.
Veja também: