Dólar atinge R$ 6,00 pela primeira vez, refletindo incertezas fiscais no Brasil
Após um dia de forte volatilidade, a moeda americana fecha em patamar recorde, enquanto governo busca medidas fiscais.
O dólar comercial encerrou a última sexta-feira (29 de novembro de 2024) cotado a R$ 6,00, marcando o maior fechamento da história da moeda brasileira. A alta de 0,19% foi impulsionada por incertezas relacionadas ao pacote fiscal anunciado pelo governo, que prevê a economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos.
No decorrer do dia, a moeda americana chegou a ser negociada a R$ 6,11, refletindo a pressão do mercado diante das medidas de corte de gastos e alterações na isenção do Imposto de Renda. Os investidores expressaram ceticismo quanto à capacidade do governo de equilibrar as contas públicas, especialmente em um contexto de déficits acumulados.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em um almoço com líderes do setor financeiro, defendeu a necessidade de ajustes fiscais, destacando que o governo não está vendendo “milagres” e que as medidas anunciadas não devem ser vistas como uma concessão. Ele enfatizou a importância da cautela e da colaboração do Legislativo para o sucesso do pacote.
Além disso, Haddad anunciou um novo teto para o reajuste do salário mínimo, que será de 2,5% acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior. Essa medida é considerada uma das mais efetivas do pacote fiscal, que busca garantir a sustentabilidade das contas públicas.
Os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, respectivamente, também manifestaram apoio ao pacote, embora tenham ressaltado que a implementação das isenções de Imposto de Renda dependerá da saúde fiscal do país em 2025. Lira afirmou que a proposta conta com “boa vontade” dos deputados e que a Câmara está disposta a colaborar para aprimorar as propostas do governo.
O mercado financeiro, que havia mostrado forte volatilidade durante o dia, encontrou algum alívio após as declarações dos líderes do Congresso. No entanto, a alta acumulada do dólar na semana foi de 3,79%, refletindo a preocupação contínua com a situação fiscal do Brasil.
Os dados de emprego divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também influenciaram o mercado, com a taxa de desemprego caindo para 6,2%, o menor nível da história. O aumento na ocupação, que alcançou 103,6 milhões de trabalhadores, foi impulsionado principalmente pelos setores de indústria e construção.
Os desafios fiscais persistem, e a dívida pública federal, que encerrou outubro em R$ 7,073 trilhões, representa um aumento de 1,80% em relação ao mês anterior. O governo continua a buscar formas de equilibrar suas contas, enquanto o mercado aguarda os próximos passos da equipe econômica.
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