A cotação do dólar comercial subiu 1,13%, atingindo seu maior valor histórico, influenciada por questões fiscais e ameaças externas.
02 de Dezembro de 2024 às 19h05

Dólar atinge novo recorde e fecha a R$ 6,07 sob incertezas fiscais e declarações de Trump

A cotação do dólar comercial subiu 1,13%, atingindo seu maior valor histórico, influenciada por questões fiscais e ameaças externas.

O dólar comercial encerrou a sessão desta segunda-feira (2) cotado a R$ 6,07, marcando uma alta de 1,13% e renovando o recorde histórico pela quarta vez consecutiva. Desde o anúncio de um pacote fiscal que não atendeu às expectativas do mercado, a moeda americana tem demonstrado forte valorização, refletindo também um cenário de incertezas políticas e econômicas.

Durante o dia, a moeda americana oscilou entre R$ 5,99 e R$ 6,09, mas o fechamento em R$ 6,07 representa um marco significativo, evidenciando a desconfiança dos investidores em relação ao plano fiscal do governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) para discutir a tramitação do pacote fiscal no Congresso, que inclui cortes de gastos estimados em até R$ 327 bilhões nos próximos cinco anos.

Além das preocupações internas, a moeda americana foi impactada por declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele sugeriu que, caso os países do bloco Brics tentem substituir o dólar por uma nova moeda para transações internacionais, poderá impor tarifas de até 100% sobre produtos desses países. Essa declaração provocou uma onda de apreensão no mercado, afetando as divisas emergentes e acentuando a pressão sobre o real.

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O economista-chefe da corretora Monte Bravo, Luciano Costa, acredita que a combinação de incertezas fiscais e ameaças externas tem gerado um ambiente hostil para a moeda brasileira. “Os investidores estão receosos com a capacidade do governo de implementar medidas efetivas que garantam o equilíbrio fiscal. As reações do mercado evidenciam isso”, afirmou. Ele ainda destacou que as propostas de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais têm gerado desconforto entre os analistas, que veem a medida como insuficiente para estabilizar as contas públicas.

O desempenho do dólar também foi afetado pelo fortalecimento global da moeda americana, que subia 0,67% no índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a outras moedas. A situação na Europa, especialmente a instabilidade política na França, contribuiu para a valorização do dólar no cenário internacional, pressionando ainda mais o real.

O mercado aguarda com expectativa o desdobramento das discussões sobre o pacote fiscal e as possíveis novas medidas que o governo poderá anunciar. A expectativa é que o governo busque maneiras de acalmar os ânimos dos investidores e estabilizar a moeda, enquanto tenta evitar uma crise de confiança que poderia comprometer ainda mais a economia brasileira.

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