Banco Central se prepara para aumentar juros em resposta ao crescimento econômico
Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC, defende medidas para controlar a inflação em evento com empresários.
No último dia 28 de novembro, Gabriel Galípolo, que assumirá a presidência do Banco Central (BC) em janeiro, reafirmou a necessidade de elevar a taxa de juros como uma medida para controlar a inflação, que deve ser mantida em torno de 3%. O diretor de Política Monetária do BC destacou que a atual situação econômica do Brasil, caracterizada por um baixo nível de desemprego e crescimento robusto, exige uma postura firme da autarquia.
Durante um evento promovido pela Esfera Brasil em São Paulo, Galípolo enfatizou que a função do Banco Central é muitas vezes mal interpretada. Ele comparou a atuação da instituição a um “cara chato da festa”, que precisa “diminuir o som” para evitar que a situação saia do controle. “O Banco Central tem a responsabilidade de desacelerar a economia quando necessário, para que não haja descontrole”, afirmou.
O futuro presidente do BC também comentou sobre a complexidade de explicar a resiliência da economia brasileira, mesmo diante de juros elevados. “É um tema que esta geração terá que enfrentar. Não existe uma solução simples para o Brasil, é necessário analisar várias dissonâncias e buscar as melhores práticas globais”, disse Galípolo.
Galípolo ainda se debruçou sobre a importância de um debate mais amplo sobre as políticas econômicas no país. Ele destacou que a taxa de juros fixada pelo Tesouro não é a mesma que a do Banco Central, o que gera discussões sobre a normalização das políticas monetárias brasileiras em comparação com as melhores práticas internacionais.
O diretor do BC também abordou as expectativas inflacionárias e a desancoragem que incomoda a autarquia. “Estamos cientes das pressões sobre os preços e do impacto que isso gera na população. O mal maior seria não agir diante da situação atual”, ressaltou.
Além disso, Galípolo respondeu a questionamentos sobre sua liberdade de atuação frente ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o indicou para o cargo. Ele reafirmou que o BC deve focar exclusivamente em controlar a inflação, sem se deixar levar por pressões políticas.
Por fim, Galípolo concluiu que a autonomia do Banco Central é fundamental para a condução da política monetária. “Estamos equipados com todas as ferramentas necessárias para garantir uma política monetária eficaz”, finalizou.
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