Futuro presidente do Banco Central vê necessidade de política monetária contracionista devido à economia em crescimento.
02 de Dezembro de 2024 às 13h40

Gabriel Galípolo prevê juros elevados no Brasil por tempo prolongado

Futuro presidente do Banco Central vê necessidade de política monetária contracionista devido à economia em crescimento.

Em um evento realizado pela XP Investimentos em São Paulo, nesta segunda-feira (2), o atual diretor de Política Monetária do Banco Central e futuro presidente da instituição, Gabriel Galípolo, destacou que o cenário econômico do Brasil aponta para “juros mais altos por mais tempo”.

Galípolo ressaltou que a combinação de uma economia que apresenta um dinamismo superior ao esperado e uma moeda desvalorizada sugere a necessidade de uma “política monetária mais contracionista”. Ele afirmou que esse é o quadro atual que o Banco Central deve considerar ao definir suas estratégias futuras.

“Parece lógico que, para uma economia que se revela mais dinâmica do que se esperava, somado a uma moeda doméstica mais desvalorizada, isso demande uma política monetária mais contracionista”, afirmou Galípolo durante sua apresentação. O economista também apontou que a política fiscal adotada ao longo do ano pode ter contribuído para aumentar a quantidade de dinheiro disponível para consumo na economia.

Ele observou que a “questão fiscal perpassou todo o ano” e mencionou o ceticismo do mercado em relação à consistência das regras fiscais. Galípolo disse que, ao analisar as projeções de resultado primário e a relação entre a dívida pública e o PIB, não se percebeu uma alteração significativa nas expectativas de taxa de juros, inflação e crescimento desde o início do ano.

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“Talvez, a surpresa tenha se dado menos por conta de um aumento nas despesas, e mais porque, com o mesmo nível de gastos, a economia tem se mostrado mais dinâmica do que se imaginava”, acrescentou. Ele citou o mercado de trabalho como um exemplo de dinamismo, que tem registrado recordes de ocupação.

Além disso, Galípolo mencionou o impacto da política fiscal no cenário econômico atual. Segundo ele, a progressividade da política fiscal tem colocado mais recursos nas mãos de pessoas com maior propensão ao consumo, o que resulta em um dinamismo econômico superior ao esperado.

O futuro presidente do Banco Central também comentou sobre o cenário internacional, lembrando que o início do ano trouxe expectativas de cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos, o que não se concretizou. “Isso acabou apreciando o dólar em relação a outras moedas”, observou.

Às 20h, Galípolo deve participar da 5ª Edição do Prêmio RGB, em Brasília, onde voltará a abordar questões econômicas e a política monetária do país.

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