Rebeldes sírios invadem Aleppo e causam nova onda de violência na região
Ofensiva marca o maior ataque na guerra civil síria desde 2016 e provoca deslocamento em massa de civis.
Rebeldes sírios realizaram uma invasão a Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, nesta sexta-feira, 29, marcando o primeiro confronto com as forças do governo desde 2016. O ataque, classificado como uma ofensiva surpresa, resultou na fuga de numerosos moradores e gerou preocupações em uma região que ainda se recupera dos efeitos de anos de conflitos.
De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, as forças jihadistas, lideradas pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), conseguiram tomar o controle de partes significativas da cidade. O diretor da organização, Rami Abdul Rahman, afirmou que “metade de Aleppo está sob controle dos rebeldes e não houve combates significativos, pois as forças do regime se retiraram”.
A ofensiva começou após a entrada de milhares de rebeldes nas aldeias e cidades do noroeste da Síria, levando ao pânico entre os civis, que abandonaram suas casas em busca de segurança. Relatos indicam que dezenas de combatentes de ambos os lados perderam a vida durante os confrontos.
Este ataque representa uma nova escalada na guerra civil síria, que teve início em 2011, e ocorre em um contexto de conflitos paralelos no Oriente Médio, incluindo a situação na Faixa de Gaza e no Líbano. Aleppo não sofria ataques desde 2016, quando as forças do presidente Bashar al-Assad, com apoio da Rússia, Irã e milícias aliadas, recuperaram o controle da cidade após uma intensa campanha militar.
Os recentes avanços dos rebeldes foram facilitados pela aparente fraqueza das forças do governo, que não conseguiram reagir de forma eficaz. As milícias rebeldes utilizaram as redes sociais para solicitar a rendição das tropas do regime, que se mostraram incapazes de conter a ofensiva.
A escalada de violência ocorre em um momento em que o Hezbollah, milícia libanesa aliada ao governo sírio, enfrenta seus próprios desafios, com intensos conflitos e bombardeios israelenses em suas bases. Segundo a conselheira sênior do International Crisis Group, Dareen Khalifa, a rápida ação dos rebeldes pegou muitos de surpresa e reflete uma distração das forças estrangeiras que apoiam o regime.
As autoridades turcas relataram que as milícias rebeldes haviam planejado uma ofensiva “limitada”, mas que esta se expandiu rapidamente após o recuo das forças governamentais. O objetivo inicial era restabelecer os limites de uma zona de desescalada, mas a situação se deteriorou rapidamente.
O governo sírio e o Kremlin, por sua vez, descreveram a invasão como uma violação da soberania síria e prometeram restabelecer a ordem na região. As forças armadas sírias afirmaram ter entrado em confronto com os rebeldes, destruindo equipamentos e drones, e acusaram os insurgentes de disseminar informações falsas sobre seus avanços.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos também relatou que os rebeldes detonaram carros-bomba durante os confrontos, intensificando ainda mais a violência na cidade. Com a situação se agravando, as autoridades turcas e internacionais expressaram preocupação com o crescente número de deslocados, estimando que mais de 14 mil pessoas tenham sido forçadas a deixar suas casas devido à escalada dos combates.
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