Uma em cada cinco mulheres no Brasil já sofreu ameaças de morte de parceiros, revela pesquisa
Levantamento mostra que a violência doméstica afeta especialmente mulheres negras e pardas no país.
Uma nova pesquisa, intitulada “Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio”, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com a Consulting do Brasil, revela que 21% das mulheres brasileiras já foram ameaçadas de morte por parceiros ou ex-parceiros. O estudo foi divulgado no último dia 25, em alusão ao Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher, e envolveu 1.353 mulheres com mais de 18 anos, entrevistadas entre 23 e 30 de outubro.
Os dados indicam que a violência atinge de maneira desproporcional as mulheres negras, com 25% de relatos de ameaças, seguidas por 19% das mulheres pardas e 16% das brancas. Esses números sugerem que cerca de 17 milhões de brasileiras podem estar vivendo sob risco de feminicídio.
Além disso, a pesquisa aponta que 60% das entrevistadas conhecem pelo menos uma mulher que já enfrentou essa situação. A dependência econômica é citada como o principal motivo que impede as mulheres de deixarem relacionamentos abusivos, com 64% das respondentes apontando essa razão. Outras motivações incluem a crença de que o agressor pode mudar (61%) e o medo de represálias, com 59% afirmando que temem por suas vidas caso terminem a relação.
Apesar do medo generalizado, apenas 30% das mulheres ameaçadas denunciaram o agressor à polícia, e apenas 17% buscaram medidas protetivas. A pesquisa destaca uma desconfiança generalizada em relação ao sistema de justiça: 80% das participantes acreditam que as autoridades não tratam as denúncias com a seriedade necessária, e 90% percebem um aumento nos casos de feminicídio nos últimos cinco anos.
O levantamento também revela que, embora 44% das vítimas tenham sentido muito medo, 42% delas acreditam que as ameaças não representam um risco real de morte. Essa percepção pode ser um fator que contribui para a permanência em relacionamentos abusivos.
As participantes do estudo enfatizaram a importância de campanhas que incentivem a denúncia e a criação de redes de apoio social. A pesquisa foi apoiada pelo Ministério das Mulheres e contou com uma emenda da deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP).
Para aquelas que precisam de ajuda, o telefone 180 é disponível para atendimento a vítimas de violência doméstica, assim como as delegacias especializadas e a Casa da Mulher Brasileira, que possui unidades em várias cidades do país.
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