Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro, é indiciado por suposta participação em plano para desacreditar resultado eleitoral.
03 de Dezembro de 2024 às 08h04

Documentos da PF indicam que Filipe Martins ajudou Bolsonaro a contestar eleições de 2022

Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro, é indiciado por suposta participação em plano para desacreditar resultado eleitoral.

Um documento apreendido pela Polícia Federal (PF) durante a Operação Tempus Veritatis, realizada em fevereiro, levantou novas suspeitas sobre o envolvimento de Filipe Garcia Martins, ex-assessor especial da Presidência, em um suposto núcleo que articulava ações contra a legitimidade das eleições de 2022. O arquivo, que é um rascunho de discurso, contém alegações de fraude e foi elaborado para que Jair Bolsonaro, então presidente, o utilizasse após sua derrota nas eleições.

Os metadados do arquivo, intitulado “Discurso 31-10.docx”, apontam que Filipe Martins foi o autor do texto. Em vez de aceitar a derrota, o documento caracteriza a eleição como “ilegítima” e questiona a veracidade dos resultados. Um trecho do discurso sugere uma narrativa de perseguição, afirmando: “Na verdade, fomos alvo de um contra-ataque do sistema, e estamos sendo perseguidos pelos poderosos, unidos para esconder a verdade junto com os principais veículos de mídia”.

A PF analisou o conteúdo e concluiu que o discurso tinha a finalidade de transmitir uma mensagem aos eleitores de Bolsonaro, insinuando que não apenas as urnas eletrônicas e os algoritmos, mas também uma série de ações parciais favoreciam o candidato vencedor.

O documento foi encontrado em um HD externo na residência de Tércio Arnaud Tomaz, outro ex-assessor de Bolsonaro, conhecido como um dos integrantes do chamado “gabinete do ódio”. Filipe Martins figura entre os 37 indiciados pela PF, que o acusa de participar de organização criminosa, golpe de Estado e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito.

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Segundo a PF, Martins estaria inserido no “núcleo jurídico” do golpe, sendo responsável por entregar a minuta de um documento que previa a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e a anulação dos resultados da eleição.

A defesa de Filipe Martins contesta as acusações, alegando a ausência de provas concretas e chamando as alegações de “ilações e narrativas fantasiosas”. Os advogados prometem demonstrar a inocência do ex-assessor e criticam a condução do processo, afirmando que a investigação é motivada por questões políticas.

Em nota, a defesa de Martins expressou indignação: “Consideramos risível e juridicamente insustentável o indiciamento de nosso cliente, fabricado inteiramente com base em ilações e narrativas fantasiosas – jamais em fatos e evidências concretas.”

A defesa ainda ressalta que a prisão de Martins foi mantida por mais de seis meses, desconsiderando evidências que comprovam sua inocência, e que a alegação de que ele teria deixado o país sem registros é infundada. “Se isso for verdade, significa que a PF admite ter mantido Filipe preso por seis meses com base em uma mentira que ela própria fabricou”, conclui a nota.

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