Novas evidências técnicas indicam que disparo que matou as crianças pode ter partido de viatura policial.
04 de Dezembro de 2024 às 09h06

Defensoria Pública do Rio pede reabertura do caso das mortes de Emily e Rebecca

Novas evidências técnicas indicam que disparo que matou as crianças pode ter partido de viatura policial.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro solicitou ao Ministério Público a reabertura do inquérito que investiga as mortes das primas Emily Vitória da Silva Moreira dos Santos, de 4 anos, e Rebecca Beatriz Rodrigues dos Santos, de 7 anos. As meninas foram tragicamente baleadas enquanto brincavam na porta de casa, na comunidade do Sapinho, em Duque de Caxias, no dia 4 de dezembro de 2020.

O pedido foi protocolado na última terça-feira (3), véspera do quarto aniversário do incidente, e fundamenta-se em novas provas técnicas obtidas através do Projeto Mirante, que apoia a análise de casos de violações de direitos humanos. Segundo a Defensoria, as novas evidências buscam corrigir inconsistências graves nas investigações iniciais, reforçando a hipótese de que o disparo fatal teria partido de dentro de uma viatura policial.

Entre as falhas identificadas, destaca-se o laudo de reprodução simulada, que não analisou adequadamente a trajetória do disparo e considerou posicionamentos questionáveis das vítimas e da viatura. Além disso, o projétil que atingiu as crianças é compatível com os fuzis utilizados pelos policiais do 15º Batalhão da Polícia Militar (BPM), mas o confronto balístico realizado foi inconclusivo.

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A Defensoria também questiona os dados de GPS da viatura, que indicam que o veículo estava em baixa velocidade na área durante o incidente, retornando ao local horas depois sem justificativa plausível. O relatório produzido pelo Projeto Mirante inclui análises detalhadas da trajetória do disparo e posicionamento das vítimas, utilizando modelagem 3D baseada em imagens de satélite e dados periciais, e sugere que o disparo pode ter sido efetuado por policiais posicionados no lado direito da viatura.

As investigações iniciais, que foram arquivadas em 2022, concluíram que os disparos teriam sido feitos por traficantes que miravam a viatura, mas erraram e atingiram as crianças. Esta versão foi contestada por familiares e testemunhas que afirmaram que o tiro partiu da viatura policial.

André Luís Machado de Castro, defensor público responsável pelo caso, afirmou: “Este pedido é mais do que uma tentativa de corrigir erros processuais; trata-se de garantir justiça para essas crianças e suas famílias. É crucial que a verdade seja efetivamente apurada, ainda que isso aponte para a responsabilidade de agentes do estado, como demonstrado nesse trabalho de revisão das provas que estamos apresentando”.

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