Deputado Alfredo Gaspar busca apoio para comissão que investiga corrupção no Judiciário, mas ainda não atingiu o número necessário de assinaturas.
03 de Dezembro de 2024 às 23h33

CPI para investigar venda de sentenças enfrenta dificuldades na Câmara dos Deputados

Deputado Alfredo Gaspar busca apoio para comissão que investiga corrupção no Judiciário, mas ainda não atingiu o número necessário de assinaturas.

Mais de um mês após a apresentação da proposta de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar um suposto esquema de venda de sentenças em tribunais estaduais, o deputado Alfredo Gaspar (União-AL) ainda não conseguiu reunir as assinaturas necessárias para que a iniciativa avance. Até o momento, 108 deputados assinaram o requerimento, enquanto são exigidas 171 assinaturas para a abertura da CPI.

A proposta, que visa investigar também a possível participação de ministros de tribunais superiores, enfrenta resistência no Congresso. Embora deputados de direita e de centro tenham aderido à proposta, a dificuldade está em conquistar o apoio das bancadas de estados onde a Polícia Federal já iniciou investigações sobre desembargadores, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

O deputado Gaspar tem intensificado suas conversas com os colegas, buscando conscientizá-los sobre a relevância da CPI. “Estamos buscando conscientizar o parlamento sobre a importância dessa CPI, pois fiscalizar um poder vitalício não é tarefa fácil, e muitos temem retaliações”, afirmou o parlamentar.

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A última grande CPI que exerceu pressão sobre o Poder Judiciário aconteceu em 1999, em meio a investigações sobre desvios milionários na construção do Fórum Trabalhista de São Paulo. Naquela ocasião, a CPI do Judiciário resultou na cassação do então senador Luiz Estevão (DF) e trouxe à tona a figura do juiz Nicolau dos Santos Neto, conhecido como “Juiz Lalau”.

A nova proposta de CPI surgiu após denúncias envolvendo desembargadores de sete estados - Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, São Paulo, Espírito Santo e Maranhão - e até assessores de gabinetes de ministros do Superior Tribunal de Justiça.

Com o avanço das investigações, o Ministério Público Federal firmou o primeiro acordo de delação premiada com uma desembargadora no país. Além disso, alguns magistrados estão afastados de suas funções e, em casos mais graves, monitorados por tornozeleira eletrônica.

O requerimento da CPI destaca a necessidade de sua instalação para restaurar a confiança no Judiciário. “O cenário atual do Judiciário brasileiro tem sido seriamente abalado por uma série de denúncias sobre a venda de sentenças, o que tem comprometido gravemente a confiança da população nas instituições que deveriam garantir a justiça”, enfatiza a proposta.

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