Em 2023, 10,3 milhões de jovens entre 15 e 29 anos não estudam nem trabalham, segundo o IBGE.
04 de Dezembro de 2024 às 10h32

Taxa de jovens sem estudo ou trabalho atinge menor nível histórico, revela IBGE

Em 2023, 10,3 milhões de jovens entre 15 e 29 anos não estudam nem trabalham, segundo o IBGE.

O Brasil alcançou em 2023 a taxa mais baixa da série histórica de jovens entre 15 e 29 anos que não estudam e não trabalham, conforme dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com 10,3 milhões de jovens nessa situação, o percentual corresponde a 21,2% da população estimada nessa faixa etária, que é de 48,5 milhões. Este índice representa a menor taxa desde o início das pesquisas em 2012, superando a mínima anterior registrada em 2013, que era de 21,6%.

O fenômeno dos jovens que não estudam nem trabalham, conhecidos como “nem-nem”, tem suas nuances. O IBGE prefere não usar esse termo, já que muitos desses jovens podem estar envolvidos em atividades não remuneradas em casa, sem vínculo empregatício. A pesquisa indica que a inclusão de mulheres negras – tanto pretas quanto pardas – que não estão nem estudando nem trabalhando cresceu, alcançando 4,6 milhões, o que representa 45,2% do total desse grupo. Em 2022, esse índice era de 43,3%.

A pesquisa revelou que homens pretos e pardos somam 2,4 milhões (23,4%), enquanto mulheres brancas são 1,9 milhão (18,9%) e homens brancos, 1,2 milhão (11,2%). Esses dados fazem parte da Sínteze de Indicadores Sociais, que analisa informações provenientes da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), também do IBGE.

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De acordo com Denise Guichard Freire, analista do IBGE, o perfil mais afetado é de jovens negras que, sem uma rede de apoio, precisam cuidar de familiares. “Elas não conseguem buscar uma colocação profissional ou estudar, porque não há políticas públicas que as ajudem a sair dessa situação. Os demais, principalmente os homens, vivem essa condição de forma temporária”, afirma a analista.

O estudo também mostra que a condição econômica dos lares impacta diretamente na taxa de jovens sem ocupação. Em 2023, 49,3% dos jovens provenientes dos 10% mais pobres estavam nessa situação, o que equivale a um em cada dois jovens. Em comparação, a taxa era de 41,9% em 2012. Esse índice é 2,3 vezes maior do que a média nacional de 21,2%.

Entre 2022 e 2023, o número total de jovens que não estudam e não estão ocupados caiu 4,9%, impulsionado por um aumento de 11,9% entre mulheres brancas e de 9,3% entre homens pretos ou pardos. Essa melhora está relacionada ao aquecimento do mercado de trabalho e ao aumento da taxa de ocupação, embora o total de jovens de 15 a 29 anos tenha diminuído nos últimos anos, o que influencia o índice.

“Quando há crise, os jovens saem do mercado de trabalho. Com a recuperação da economia, observamos uma redução tanto no número de jovens que estudam quanto naqueles que não estudam e não estão ocupados”, conclui Denise. Os dados reforçam um cenário já revelado pela Pnad Educação de 2023, que indicou que 9,6 milhões de jovens estavam sem estudar e sem trabalhar, representando 19,8% da população nessa faixa etária.

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