Taxa de jovens sem estudo ou trabalho atinge menor nível histórico, revela IBGE
Em 2023, 10,3 milhões de jovens entre 15 e 29 anos não estudam nem trabalham, segundo o IBGE.
O Brasil alcançou em 2023 a taxa mais baixa da série histórica de jovens entre 15 e 29 anos que não estudam e não trabalham, conforme dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com 10,3 milhões de jovens nessa situação, o percentual corresponde a 21,2% da população estimada nessa faixa etária, que é de 48,5 milhões. Este índice representa a menor taxa desde o início das pesquisas em 2012, superando a mínima anterior registrada em 2013, que era de 21,6%.
O fenômeno dos jovens que não estudam nem trabalham, conhecidos como “nem-nem”, tem suas nuances. O IBGE prefere não usar esse termo, já que muitos desses jovens podem estar envolvidos em atividades não remuneradas em casa, sem vínculo empregatício. A pesquisa indica que a inclusão de mulheres negras – tanto pretas quanto pardas – que não estão nem estudando nem trabalhando cresceu, alcançando 4,6 milhões, o que representa 45,2% do total desse grupo. Em 2022, esse índice era de 43,3%.
A pesquisa revelou que homens pretos e pardos somam 2,4 milhões (23,4%), enquanto mulheres brancas são 1,9 milhão (18,9%) e homens brancos, 1,2 milhão (11,2%). Esses dados fazem parte da Sínteze de Indicadores Sociais, que analisa informações provenientes da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), também do IBGE.
De acordo com Denise Guichard Freire, analista do IBGE, o perfil mais afetado é de jovens negras que, sem uma rede de apoio, precisam cuidar de familiares. “Elas não conseguem buscar uma colocação profissional ou estudar, porque não há políticas públicas que as ajudem a sair dessa situação. Os demais, principalmente os homens, vivem essa condição de forma temporária”, afirma a analista.
O estudo também mostra que a condição econômica dos lares impacta diretamente na taxa de jovens sem ocupação. Em 2023, 49,3% dos jovens provenientes dos 10% mais pobres estavam nessa situação, o que equivale a um em cada dois jovens. Em comparação, a taxa era de 41,9% em 2012. Esse índice é 2,3 vezes maior do que a média nacional de 21,2%.
Entre 2022 e 2023, o número total de jovens que não estudam e não estão ocupados caiu 4,9%, impulsionado por um aumento de 11,9% entre mulheres brancas e de 9,3% entre homens pretos ou pardos. Essa melhora está relacionada ao aquecimento do mercado de trabalho e ao aumento da taxa de ocupação, embora o total de jovens de 15 a 29 anos tenha diminuído nos últimos anos, o que influencia o índice.
“Quando há crise, os jovens saem do mercado de trabalho. Com a recuperação da economia, observamos uma redução tanto no número de jovens que estudam quanto naqueles que não estudam e não estão ocupados”, conclui Denise. Os dados reforçam um cenário já revelado pela Pnad Educação de 2023, que indicou que 9,6 milhões de jovens estavam sem estudar e sem trabalhar, representando 19,8% da população nessa faixa etária.
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