Narges Mohammadi, ganhadora do Nobel da Paz em 2023, recebe licença para tratamento médico após pressões internacionais.
04 de Dezembro de 2024 às 12h52

Irã concede liberdade temporária à ativista Narges Mohammadi após quase três anos presa

Narges Mohammadi, ganhadora do Nobel da Paz em 2023, recebe licença para tratamento médico após pressões internacionais.

O governo do Irã anunciou a liberação temporária da ativista Narges Mohammadi, vencedora do Nobel da Paz em 2023, após quase três anos de prisão. A decisão foi comunicada por seus familiares e advogados, que informaram que Mohammadi recebeu uma licença de 21 dias para tratamento médico.

A ativista, uma das principais vozes na luta pelos direitos das mulheres no Irã, estava detida desde janeiro de 2022. Recentemente, ela passou por uma cirurgia para remoção de um tumor e enxerto ósseo, e segundo seus familiares, a autorização para tratamento fora da prisão chegou em um momento crítico, agravando seu estado de saúde.

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Embora a licença permita que Mohammadi se recupere, o tempo em liberdade não será descontado do total de sua pena, que supera dez anos. A liberação temporária ocorre após intensas pressões de organizações internacionais de direitos humanos e apelos de sua família e advogado.

“Após semanas de dor excruciante na prisão, a decisão mostra o desrespeito persistente pelos direitos humanos de Narges Mohammadi e o tratamento desumano que ela enfrenta, mesmo após ser laureada com o Nobel da Paz”, afirmou a fundação que leva seu nome.

A trajetória de Narges Mohammadi é marcada por prisões frequentes. Nos últimos 25 anos, ela foi detida em diversas ocasiões, sendo a primeira prisão há 22 anos. Atualmente, ela cumpre pena na penitenciária de Evin, em Teerã, um local conhecido por abrigar críticos do regime iraniano. Mohammadi foi condenada por “espalhar propaganda contra o governo”.

Além de sua luta pelos direitos das mulheres, a ativista é uma voz ativa contra a pena de morte no Irã, que figura entre os países que mais utilizam essa punição no mundo. Sua breve liberdade, embora insuficiente para melhorar suas condições, reforça a resistência e a relevância de sua luta em nível global.

Desde a Revolução Islâmica de 1979, as mulheres no Irã enfrentam restrições severas, incluindo a obrigatoriedade do uso do véu em locais públicos. Mohammadi, considerada uma “presa de consciência” pela Anistia Internacional, não vê seus filhos desde 2015, que residem na França. Sua luta e as condições de sua detenção continuam a chamar a atenção internacional.

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