Ciro Nogueira defende o Centrão como um bloco conservador, não de direita ou esquerda
Senador argumenta que o Centrão tem papel fundamental na estabilidade política do Brasil, evitando radicalismos.
O senador Ciro Nogueira, do Progressistas do Piauí, destacou em artigo recente que o Centrão não deve ser classificado como um bloco político de direita ou esquerda. Para ele, a melhor definição para esse grupo é que se trata de uma posição “conservadora”, que se opõe aos “radicalismos” que promovem mudanças sociais e econômicas abruptas. O texto foi publicado em um jornal de grande circulação nesta quarta-feira, 3.
O Centrão é frequentemente descrito como um agrupamento de partidos que, embora não formalmente estruturado, exerce influência significativa nas decisões do Congresso, apoiando o governo em troca de vantagens políticas, como nomeações e emendas. O senador ressalta que essa atuação é mais pautada pela conveniência do que por princípios ideológicos.
No artigo, Nogueira faz uma reflexão sobre o papel do centrismo na política brasileira, afirmando que esse grupo foi responsável por “conservar o tecido da sociedade brasileira” ao mesmo tempo em que ajudou a consolidar avanços e mudanças positivas ao longo da história. Ele menciona eventos marcantes, como a redemocratização em 1985 e o impeachment de Dilma Rousseff em 2016, como exemplos de intervenções “conservadoras” que foram essenciais para a estabilidade do país.
“Conservar é importante, mas não pode ser a única ação. O conservadorismo excessivo é limitado, e o extremismo também é problemático”, destacou Nogueira, enfatizando a necessidade de um equilíbrio entre a preservação e a mudança.
Além de reconhecer a relevância do Centrão, o senador critica a ideia de que a direita detém o monopólio da razão, referindo-se aos “extremos que se julgam ungidos”. Para ele, é fundamental que haja um diálogo aberto entre as diferentes correntes políticas, sem que uma delas se considere superior às demais.
Ciro Nogueira, que foi ministro-chefe da Casa Civil durante o governo de Jair Bolsonaro, acredita que a aproximação do Centrão com o Executivo não foi uma iniciativa do bloco, mas sim uma resposta à necessidade de diálogo por parte do presidente. Ele traça um paralelo com a mudança de postura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em 2002 lançou a Carta ao Povo Brasileiro, buscando afastar radicalismos que o caracterizavam em seu início de carreira.
Com essa análise, Nogueira busca reafirmar a importância do Centrão como um agente moderador no cenário político brasileiro, capaz de facilitar o diálogo e promover a governabilidade em tempos de polarização.
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