General Valério Stumpf defende legado democrático após ataques de bolsonaristas
Ex-chefe do Estado-Maior do Exército se posiciona contra acusações de ser informante de Moraes
O general Valério Stumpf Trindade, ex-chefe do Estado-Maior do Exército, se manifestou sobre as acusações de que seria um “informante” do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As alegações foram levantadas por militares radicais e membros da militância bolsonarista, que têm atacado Stumpf nas redes sociais.
Em entrevista concedida ao Metrópoles na última quinta-feira, ele afirmou: “Fui vítima de ataques por cumprir a minha obrigação. Defendi a democracia em tempos complexos. Tenho orgulho de ter agido de forma leal ao comandante do Exército e ao Exército Brasileiro”.
De acordo com informações da Polícia Federal (PF), Stumpf foi alvo de uma campanha de desinformação que incluiu ataques à sua família. Nas redes sociais, ele foi rotulado de “traidor da Pátria” e “melancia”, um termo pejorativo utilizado para descrever militares acusados de comunismo. As ameaças surgiram inicialmente como uma tentativa de coação para que ele se unisse a ações antidemocráticas, intensificando-se após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mensagens trocadas entre coronéis, obtidas pela PF, revelaram um clima de hostilidade. Stumpf era mencionado em comunicações que incitavam ações contra generais que se opuseram ao golpe. Um dos posts dizia: “Dos dezenove generais, estes cinco c@nalh@s não aceitam a proposta do povo. Repasse para ficarem famosos. Todos melancias, verdes por fora, vermelhos por dentro”.
Em relação às acusações de ser um informante de Moraes, Stumpf esclareceu: “Por ser chefe do Estado-Maior à época, eu tinha contato com o Tribunal Superior Eleitoral, então presidido pelo ministro Alexandre de Moraes. Esse contato era institucional, visando reforçar a segurança e a transparência das urnas eletrônicas”.
O general destacou que entre as medidas defendidas pelo Exército estavam os testes de integridade das urnas com biometria, uma iniciativa implementada pelo TSE para aumentar a credibilidade do sistema eleitoral. “Algumas pessoas que não sabiam de nada distorceram tudo”, lamentou.
Atualmente na reserva e à frente da Poupex, Stumpf reafirmou seu compromisso com a democracia: “Tudo o que fiz foi com o conhecimento do Alto-Comando, alinhado com o então comandante general Freire Gomes. Existe uma lealdade muito forte no Alto Comando”.
O Alto Comando do Exército expressou sua insatisfação com as campanhas de difamação, considerando-as um ataque à própria instituição. Stumpf concluiu: “Estabilidade institucional e impossibilidade de ruptura democrática sempre foram prioridades”.
As investigações revelam que a articulação para o golpe começou antes mesmo do segundo turno das eleições, com militares radicais incitando adesão por meio de campanhas de desinformação. A PF indiciou 37 pessoas, incluindo Jair Bolsonaro, por crimes como tentativa de golpe de Estado e organização criminosa.
Veja também: