Ex-presidente é acusada de favorecer a impunidade de responsáveis por atentado contra instituição judaica em 1994
06 de Dezembro de 2024 às 01h26

Cristina Kirchner irá a julgamento na Argentina por suposto encobrimento de iranianos

Ex-presidente é acusada de favorecer a impunidade de responsáveis por atentado contra instituição judaica em 1994

A Suprema Corte da Argentina decidiu, nesta quinta-feira, que a ex-presidente Cristina Kirchner será julgada por suposto acobertamento de iranianos envolvidos no atentado à sede da AMIA, uma instituição judaica, ocorrido em 1994, que resultou na morte de 85 pessoas e deixou mais de 300 feridos.

O tribunal reabriu o caso em 2023, dois anos após o arquivamento inicial em 2021. Durante o processo, os juízes rejeitaram os argumentos da defesa de Kirchner, que alegava arbitrariedade na decisão de reabrir a investigação. A acusação de encobrimento, segundo os magistrados, vai além da assinatura de um memorando entre o governo argentino e o Irã, promovido por Kirchner e aprovado pelo Congresso em 2013. Este documento tinha como objetivo interrogar os suspeitos do atentado fora da Argentina.

Os juízes esclareceram que a acusação envolve também negociações realizadas por canais não oficiais, que teriam como intuito garantir a impunidade aos iranianos. A ex-presidente foi acusada pelo promotor Alberto Nisman em janeiro de 2015, quando ainda estava em seu segundo mandato. Nisman foi encontrado morto dias depois, em um caso que chocou o país e gerou muitas controvérsias.

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Além da acusação de encobrimento, a Suprema Corte também decidiu arquivar outra investigação contra Kirchner, que tratava da suposta venda de dólares futuros pelo Banco Central a preços abaixo do mercado durante seu governo. O tribunal considerou essa questão uma política de Estado, não passível de julgamento judicial.

Em abril deste ano, a Justiça argentina determinou que os atentados contra a AMIA e a embaixada de Israel em 1992, que resultou em 29 mortes, foram ordenados pelo Irã. Essa decisão foi celebrada pela comunidade judaica como um marco histórico na busca por justiça.

A ex-presidente, que governou de 2007 a 2015, enfrenta um cenário jurídico complexo e desafiador, que poderá impactar seu legado político e as futuras eleições no país.

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