Camillo De Pellegrin, prefeito de Val di Zoldo, gerou polêmica ao hastear bandeira do Brasil em protesto contra pedidos de cidadania.
10 de Dezembro de 2024 às 02h09

Prefeito de Val di Zoldo é denunciado por ultraje à bandeira do Brasil em protesto

Camillo De Pellegrin, prefeito de Val di Zoldo, gerou polêmica ao hastear bandeira do Brasil em protesto contra pedidos de cidadania.

O prefeito de Val di Zoldo, na Itália, Camillo De Pellegrin, está no centro de uma controvérsia após hastear a bandeira do Brasil na fachada da prefeitura. O ato foi uma forma de protesto contra o que ele considera um excesso de pedidos de cidadania italiana por brasileiros, o que tem gerado um aumento significativo na demanda por registros de cidadania na região de Vêneto.

A situação, que ganhou destaque na mídia, reflete a crescente pressão sobre os cartórios civis da região, que enfrentam um volume elevado de solicitações de cidadania. A prática de reivindicar a cidadania italiana por meio do princípio de ius sanguinis, ou “direito de sangue”, permite que descendentes de italianos busquem a cidadania, o que tem sobrecarregado as prefeituras locais.

O advogado ítalo-brasileiro Luiz Scarpelli protocolou uma denúncia formal contra De Pellegrin, alegando que o gesto foi desrespeitoso e violou a sacralidade dos símbolos nacionais. Scarpelli expressou sua indignação, afirmando que o prefeito desrespeitou os brasileiros e que está disposto a levar o caso ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos, caso necessário.

A bandeira do Brasil foi hasteada por um mês, mas foi retirada após a repercussão negativa do ato. O advogado ressaltou que a denúncia foi encaminhada a autoridades tanto no Brasil quanto na Itália, intensificando a tensão diplomática em torno do incidente.

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Enquanto isso, as prefeituras da região continuam a enfrentar um aumento no número de pedidos de cidadania. Cidades como Tribano e Treviso têm registrado um fluxo constante de solicitações, levando algumas administrações a contratar funcionários temporários ou a pagar horas extras para atender à demanda. O processo de reconhecimento de cidadania é complexo e envolve a verificação de documentos históricos, o que gera custos elevados, com taxas que variam entre € 100 e € 500 por documento, dependendo da cidade.

A complexidade do processo é um ponto de crítica entre advogados e administradores públicos, que apontam a falta de precisão nas informações fornecidas pelos solicitantes como um dos principais desafios. Além disso, muitos requerentes dependem de memórias familiares imprecisas, o que torna a pesquisa documental ainda mais difícil.

De acordo com o Corriere del Veneto, algumas prefeituras relatam receber dezenas de pedidos por semana, o que tem sobrecarregado os cartórios. A situação levanta questões sobre a capacidade das pequenas cidades de lidar com o crescente volume de processos de cidadania, que não apenas consome recursos humanos, mas também financeiros.

O prefeito De Pellegrin, ao justificar seu ato, argumentou que a situação atual é insustentável e que as prefeituras não estão preparadas para lidar com o aumento da demanda. A controvérsia em torno de sua ação destaca a tensão entre a busca por cidadania por descendentes de italianos e a capacidade das administrações locais de atender a essas solicitações.

O incidente também levanta questões sobre a relação entre Brasil e Itália, especialmente em um momento em que muitos brasileiros buscam a cidadania italiana como uma forma de garantir melhores oportunidades no exterior. A discussão sobre a cidadania e os direitos dos descendentes de italianos continua a ser um tema relevante e polêmico, refletindo as complexidades das relações entre os dois países.

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