Prefeito de Val di Zoldo é denunciado por ultraje à bandeira do Brasil em protesto
Camillo De Pellegrin, prefeito de Val di Zoldo, gerou polêmica ao hastear bandeira do Brasil em protesto contra pedidos de cidadania.
O prefeito de Val di Zoldo, na Itália, Camillo De Pellegrin, está no centro de uma controvérsia após hastear a bandeira do Brasil na fachada da prefeitura. O ato foi uma forma de protesto contra o que ele considera um excesso de pedidos de cidadania italiana por brasileiros, o que tem gerado um aumento significativo na demanda por registros de cidadania na região de Vêneto.
A situação, que ganhou destaque na mídia, reflete a crescente pressão sobre os cartórios civis da região, que enfrentam um volume elevado de solicitações de cidadania. A prática de reivindicar a cidadania italiana por meio do princípio de ius sanguinis, ou “direito de sangue”, permite que descendentes de italianos busquem a cidadania, o que tem sobrecarregado as prefeituras locais.
O advogado ítalo-brasileiro Luiz Scarpelli protocolou uma denúncia formal contra De Pellegrin, alegando que o gesto foi desrespeitoso e violou a sacralidade dos símbolos nacionais. Scarpelli expressou sua indignação, afirmando que o prefeito desrespeitou os brasileiros e que está disposto a levar o caso ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos, caso necessário.
A bandeira do Brasil foi hasteada por um mês, mas foi retirada após a repercussão negativa do ato. O advogado ressaltou que a denúncia foi encaminhada a autoridades tanto no Brasil quanto na Itália, intensificando a tensão diplomática em torno do incidente.
Enquanto isso, as prefeituras da região continuam a enfrentar um aumento no número de pedidos de cidadania. Cidades como Tribano e Treviso têm registrado um fluxo constante de solicitações, levando algumas administrações a contratar funcionários temporários ou a pagar horas extras para atender à demanda. O processo de reconhecimento de cidadania é complexo e envolve a verificação de documentos históricos, o que gera custos elevados, com taxas que variam entre € 100 e € 500 por documento, dependendo da cidade.
A complexidade do processo é um ponto de crítica entre advogados e administradores públicos, que apontam a falta de precisão nas informações fornecidas pelos solicitantes como um dos principais desafios. Além disso, muitos requerentes dependem de memórias familiares imprecisas, o que torna a pesquisa documental ainda mais difícil.
De acordo com o Corriere del Veneto, algumas prefeituras relatam receber dezenas de pedidos por semana, o que tem sobrecarregado os cartórios. A situação levanta questões sobre a capacidade das pequenas cidades de lidar com o crescente volume de processos de cidadania, que não apenas consome recursos humanos, mas também financeiros.
O prefeito De Pellegrin, ao justificar seu ato, argumentou que a situação atual é insustentável e que as prefeituras não estão preparadas para lidar com o aumento da demanda. A controvérsia em torno de sua ação destaca a tensão entre a busca por cidadania por descendentes de italianos e a capacidade das administrações locais de atender a essas solicitações.
O incidente também levanta questões sobre a relação entre Brasil e Itália, especialmente em um momento em que muitos brasileiros buscam a cidadania italiana como uma forma de garantir melhores oportunidades no exterior. A discussão sobre a cidadania e os direitos dos descendentes de italianos continua a ser um tema relevante e polêmico, refletindo as complexidades das relações entre os dois países.
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