Após cirurgia de emergência, presidente não passará o cargo a Alckmin. Conheça os detalhes da legislação sobre a sucessão no Brasil.
10 de Dezembro de 2024 às 20h23

Lula decide permanecer na presidência e não passará cargo a Alckmin mesmo internado na UTI

Após cirurgia de emergência, presidente não passará o cargo a Alckmin. Conheça os detalhes da legislação sobre a sucessão no Brasil.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 79 anos, optou por não transferir o exercício da presidência ao vice-presidente Geraldo Alckmin durante seu período de internação no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Lula foi submetido a uma cirurgia de emergência para drenagem de um hematoma intracraniano, consequência de uma queda sofrida em outubro. Apesar da gravidade da situação, o presidente decidiu manter-se no cargo, o que levanta questões sobre a legislação brasileira em casos de incapacidade temporária.

A decisão de Lula de não se afastar formalmente da presidência está amparada pela interpretação da Constituição Federal de 1988, que não estabelece regras claras sobre a obrigatoriedade de licenciamento em situações de internação hospitalar. O artigo 79 menciona que o vice-presidente deve assumir o cargo em caso de "impedimento", mas não define explicitamente o que caracteriza esse impedimento, deixando espaço para interpretações.

Segundo a equipe médica que acompanha o presidente, Lula está estável, consciente e se alimentando normalmente. O médico Roberto Kalil, responsável pelo tratamento, afirmou que o procedimento cirúrgico foi bem-sucedido e não houve intercorrências. O presidente deve permanecer sob observação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por 48 horas, mas não apresenta sequelas.

A linha sucessória no Brasil, conforme a Constituição, estabelece que o vice-presidente é o primeiro a assumir em caso de afastamento do presidente. No entanto, se o afastamento for temporário e não ultrapassar um período significativo, como o caso de uma cirurgia breve, a transferência de poder não é obrigatória. A legislação também prevê que o presidente e o vice não podem se ausentar do país por mais de quinze dias sem a autorização do Congresso Nacional, sob pena de perda do cargo.

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Historicamente, presidentes brasileiros têm tomado decisões semelhantes em situações de saúde. O ex-presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, despachou do hospital durante internações e não transferiu o cargo em algumas ocasiões. A falta de clareza na legislação sobre a incapacidade presidencial gera debates sobre a necessidade de uma reforma que defina melhor as situações em que o vice deve assumir o cargo.

O governo, por sua vez, trabalha com a hipótese de que Lula não precisará se afastar formalmente, e as atividades do presidente foram adiadas, exceto por compromissos que podem ser cumpridos pelo vice. Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, assumiu algumas funções temporariamente, mas a presidência permanece com Lula.

O caso de Lula reacende o debate sobre a continuidade das funções presidenciais em situações de saúde e a interpretação da legislação vigente. A falta de diretrizes claras pode levar a decisões controversas e à necessidade de um entendimento mais robusto sobre o que significa estar "impedido" de governar.

Enquanto isso, a recuperação do presidente será acompanhada de perto, e a expectativa é que ele retorne a Brasília no início da próxima semana, caso sua saúde permita. A primeira-dama, Janja, está ao seu lado no hospital, demonstrando apoio durante este período delicado.

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