A crescente preocupação com armas indetectáveis ganha destaque após a morte de Brian Thompson em Nova York.
11 de Dezembro de 2024 às 10h53

Armas fantasmas: o que são e como impactam a segurança nos EUA após assassinato de CEO

A crescente preocupação com armas indetectáveis ganha destaque após a morte de Brian Thompson em Nova York.

A recente morte do CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, em Nova York, trouxe à tona a discussão sobre as chamadas "armas fantasmas". Essas armas, que podem ser montadas em casa, têm se tornado um dos principais desafios de segurança nos Estados Unidos, especialmente após a prisão de Luigi Mangione, o principal suspeito do crime.

Investigadores acreditam que a pistola preta recuperada de Mangione é uma arma fantasma, que pode ter sido fabricada utilizando uma impressora 3D. Essa hipótese, no entanto, ainda precisa ser confirmada por especialistas em balística. O assassinato de Thompson, um executivo de destaque no setor de saúde, acendeu um alerta sobre o uso crescente dessas armas indetectáveis, que são frequentemente associadas a atividades criminosas.

As armas fantasmas são assim denominadas porque não possuem números de série e podem ser facilmente montadas a partir de kits disponíveis na internet. De acordo com as autoridades, a arma encontrada com Mangione é descrita como uma "pistola semiautomática com um receptor impresso em 3D, um slide de metal e um silenciador", capaz de disparar projéteis de 9 mm, compatível com a usada no assassinato de Thompson.

O governo do presidente Joe Biden tem se manifestado sobre a necessidade de regulamentar essas armas, classificando-as como "ridiculamente fáceis" de montar. Até agosto de 2023, qualquer pessoa com acesso à internet poderia adquirir legalmente as peças necessárias para fabricar uma arma, sem a necessidade de verificação de antecedentes criminais. Tutoriais online demonstram como montar uma arma funcional em menos de uma hora, o que levanta sérias preocupações sobre a segurança pública.

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Especialistas consideram as armas fantasmas como um dos problemas de segurança mais crescentes nos EUA. Dados do Departamento de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF) indicam que, em 2022, cerca de 20 mil armas desse tipo foram encontradas em investigações criminais, um aumento significativo em relação a anos anteriores. A falta de números de série torna quase impossível rastrear a origem dessas armas, dificultando o combate ao tráfico e à venda ilegal para menores e indivíduos não licenciados.

Juliette Kayyem, ex-secretária adjunta de políticas do Departamento de Segurança Interna, expressou ceticismo sobre a possibilidade de uma mudança na opinião pública em relação às armas após o assassinato de Thompson. Ela afirmou: “As armas fantasmas são um fator novo em um país muito complicado e violento”. O governo enfrenta o desafio de restringir o acesso a essas armas, uma tarefa que Kayyem considera "muito difícil".

Em 2022, mais de 48 mil pessoas perderam a vida devido a armas de fogo nos Estados Unidos, segundo dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). A crescente violência armada, associada ao uso de armas fantasmas, tem gerado um debate intenso sobre a necessidade de regulamentações mais rigorosas.

O assassinato de Thompson também reacendeu o debate sobre como as armas fantasmas são regulamentadas. O governo Biden propôs que esses dispositivos sejam tratados da mesma forma que as armas de fogo convencionais, exigindo que os fabricantes incluam números de série em seus produtos e realizem verificações de antecedentes dos compradores. Em outubro, a Suprema Corte dos EUA sinalizou sua disposição de considerar essa nova regulamentação, que enfrenta resistência de grupos de direitos de armas.

Uma possível decisão favorável à nova regulamentação representaria uma mudança significativa para a Suprema Corte, que tradicionalmente tem uma postura conservadora em relação às leis de controle de armas. A discussão sobre o controle de armas nos EUA continua a ser um tema polarizador, especialmente em um contexto onde figuras políticas, como o ex-presidente Donald Trump, se posicionam fortemente em defesa do direito de portar armas, conforme garantido pela Segunda Emenda da Constituição.

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