Governo de Tóquio implementa semana de quatro dias para estimular natalidade entre casais
Medida visa equilibrar vida profissional e pessoal e começa em abril de 2025, em resposta à crise de natalidade no Japão
O governo de Tóquio, capital do Japão, anunciou no início de dezembro uma iniciativa inovadora para enfrentar a crise de natalidade que afeta o país. A partir de abril de 2025, os funcionários públicos da cidade terão uma jornada de trabalho reduzida para quatro dias por semana. A medida tem como objetivo incentivar casais a terem filhos, proporcionando um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
O Japão enfrenta uma queda contínua no número de nascimentos, que já ocorre há oito anos consecutivos. Em 2023, o país registrou seu menor número de nascimentos, com aproximadamente 758 mil bebês, segundo dados da agência de notícias Reuters. A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, fez o anúncio durante um discurso na Assembleia Metropolitana, ressaltando a importância de criar um ambiente onde tanto homens quanto mulheres possam prosperar.
Atualmente, os funcionários do governo metropolitano têm direito a um dia extra de folga a cada quatro semanas. Com a nova proposta, a jornada será revisada para permitir um dia fixo de folga por semana. Koike afirmou: “Continuaremos a revisar os estilos de trabalho de forma flexível para garantir que as mulheres não tenham de sacrificar suas carreiras devido ao nascimento ou criação de filhos”.
Além da redução da jornada, o governo também anunciou que pais com filhos matriculados do primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental poderão optar por sair mais cedo do trabalho, trocando parte de seus salários por essa possibilidade. Essa medida visa facilitar a conciliação entre as responsabilidades profissionais e familiares.
A situação demográfica do Japão é alarmante. O secretário-chefe do gabinete, Yoshimasa Hayashi, destacou que a taxa de natalidade está em uma situação crítica. Em 2023, os nascimentos caíram 5,1% em relação ao ano anterior, enquanto os casamentos diminuíram 5,9%, atingindo menos de 500 mil, um número que não era registrado há pelo menos 90 anos. Hayashi alertou que “os próximos seis anos ou mais, até 2030, serão a última chance de reverter essa tendência”.
Dados do Ministério de Assuntos Internos e Comunicação do Japão revelam que a população com menos de 15 anos representa apenas 11,4% do total, enquanto o número de idosos com mais de 65 anos atingiu um recorde de 29,1%. As estimativas do Instituto Nacional de Pesquisa da População e da Seguridade Social indicam que a população do Japão pode diminuir cerca de 30% até 2070, com quatro em cada dez pessoas tendo 65 anos ou mais.
A proposta de Tóquio se alinha a um debate mais amplo sobre a jornada de trabalho no Japão. A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) no Brasil, por exemplo, também defende uma mudança na jornada de trabalho, propondo uma semana de quatro dias, inspirada em experiências de outros países e empresas. Especialistas apontam que essa alteração pode contribuir para a redução do estresse e da exaustão dos trabalhadores.
Com a implementação dessa nova política, o governo de Tóquio espera não apenas reverter a tendência de queda na natalidade, mas também criar um ambiente mais favorável para que as famílias possam crescer e se desenvolver em um contexto de trabalho mais equilibrado.
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