Nova legislação estabelece prazos de internação de 3 a 20 anos para inimputáveis, com reavaliações periódicas.
12 de Dezembro de 2024 às 18h21

Câmara aprova projeto que amplia internações de réus com transtornos mentais

Nova legislação estabelece prazos de internação de 3 a 20 anos para inimputáveis, com reavaliações periódicas.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (12) um projeto de lei que altera significativamente os prazos de internação de réus considerados inimputáveis, ou seja, aqueles que, devido a transtornos mentais, não têm capacidade de entender a ilicitude de seus atos. O texto foi aprovado com 238 votos a favor e 111 contra e agora segue para análise do Senado.

Atualmente, a legislação estabelece que a internação de pessoas com transtornos mentais pode variar de um a três anos. Com a nova proposta, esse prazo será ampliado para um mínimo de três e um máximo de 20 anos, dependendo da gravidade do crime cometido. A proposta prevê que a internação seja mantida enquanto não houver laudo médico que ateste a recuperação do réu e a ausência de periculosidade.

Os novos prazos de internação são os seguintes: sete anos para crimes que envolvam violência ou grave ameaça e 15 anos para aqueles que resultem em morte. Além disso, a proposta determina que a cada três anos a situação do réu deverá ser reavaliada, ao contrário da legislação atual, que prevê essa reavaliação anualmente.

O projeto é de autoria do ex-deputado Delegado Waldir (União-GO) e foi relatado pelo deputado Delegado Palumbo (MDB-SP). Durante a discussão, Palumbo destacou que a atual redação do Código Penal carece de clareza quanto ao tempo de aplicação das medidas de segurança, o que gera insegurança jurídica e limitações na reinserção social dos indivíduos.

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“Estamos diante de uma lacuna que resulta em tratamentos desiguais e na dificuldade de desenvolver estratégias efetivas para a reintegração social”, afirmou Palumbo. Por outro lado, a proposta recebeu críticas de parlamentares da oposição, que consideraram as mudanças um retrocesso nas políticas de saúde mental.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) classificou o projeto como “cruel” e defendeu que a discussão sobre a internação de inimputáveis deve ser mais aprofundada. “Transformar um inimputável em alguém que deve ser segregado da sociedade é um retrocesso. Precisamos de mais diálogo sobre como tratar essas pessoas”, disse Alencar.

A aprovação do projeto faz parte de um movimento mais amplo na Câmara, que inclui outras iniciativas voltadas para a segurança pública. Na mesma sessão, foi aprovada uma proposta que permite a castração química de pedófilos, o que também gerou polêmica entre os parlamentares.

Com a nova legislação, o debate sobre a internação de pessoas com transtornos mentais se intensifica, levantando questões sobre a eficácia das medidas de segurança e a necessidade de garantir direitos humanos e a dignidade dos indivíduos em tratamento. A expectativa é que o Senado examine o projeto com atenção, considerando as implicações sociais e éticas que ele pode acarretar.

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