Venezuela libera mais de 300 detidos em meio a protestos contra reeleição de Maduro
O governo venezuelano anunciou a soltura de 103 pessoas, elevando o total para 328 desde o final de novembro, após protestos violentos.
O governo da Venezuela anunciou, nesta quinta-feira (12), a libertação de 103 pessoas detidas durante as manifestações contra a reeleição do presidente Nicolás Maduro, elevando o total de libertações para 328 desde o final de novembro. As prisões ocorreram após a declaração de Maduro para um terceiro mandato de seis anos, que gerou protestos intensos e resultou em 28 mortes e quase 200 feridos.
De acordo com um comunicado da vice-presidência de Segurança, chefiada pelo ministro do Interior, Diosdado Cabello, “nas últimas 72 horas (10, 11 e 12 de dezembro), foram realizadas 103 solturas, que se somam a 225 medidas cautelares concedidas em 26 de novembro”.
Os detidos, entre os quais mais de uma centena de adolescentes, foram acusados de “terrorismo” e levados para prisões de segurança máxima. Muitos deles foram presos sem ordem judicial, em uma operação que o governo chamou de “Operação Tun Tun”, uma referência ao som da batida na porta quando os oficiais chegam.
A administração de Maduro responsabiliza a oposição, a qual classifica como “setores fascistas e extremistas”, pela “perturbação da paz na Venezuela”. O presidente frequentemente apela à “união cívico-militar-policial” para neutralizar as manifestações, que rapidamente perderam apoio em um clima de medo generalizado.
A ONG Foro Penal, que monitora a situação dos direitos humanos no país, informou na quarta-feira sobre a libertação de 18 pessoas, incluindo 12 adolescentes. A organização também confirmou a soltura de 169 indivíduos do primeiro grupo de 225 detentos que as autoridades haviam anunciado anteriormente.
A oposição, liderada por María Corina Machado, que se encontra na clandestinidade, alega que seu candidato, Edmundo González Urrutia, agora no exílio, derrotou Maduro nas eleições com 70% dos votos. Para corroborar essa afirmação, a oposição divulgou cópias de mais de 80% das atas geradas pelas urnas de votação.
Por outro lado, o Conselho Nacional Eleitoral, acusado de servir aos interesses de Maduro, garante que o presidente de esquerda venceu com 52% dos votos. Até o momento, o órgão não apresentou a apuração detalhada, conforme exige a legislação.
A posse de Maduro para o novo período presidencial, que se estenderá de 2025 a 2031, está prevista para o dia 10 de janeiro. O presidente convocou a população a sair às ruas “para jurar pela Venezuela, jurar pela independência, jurar pela pátria bolivariana”.
González Urrutia, que é reconhecido como presidente eleito por diversos países, incluindo os Estados Unidos, anunciou que viajará da Espanha, onde está exilado, para a Venezuela, a fim de assumir o cargo. O diplomata, de 75 anos, deixou o país em setembro após ser alvo de um mandado de prisão.
As tensões políticas na Venezuela continuam a crescer, à medida que a situação dos direitos humanos e as liberdades civis se tornam cada vez mais restritas sob o governo de Maduro.
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