Ministro Jhonatan de Jesus estabelece prazo de 15 dias para soluções que bloqueiem o uso de recursos sociais em bets
16 de Dezembro de 2024 às 22h11

TCU exige ações do governo para impedir uso de Bolsa Família em apostas online

Ministro Jhonatan de Jesus estabelece prazo de 15 dias para soluções que bloqueiem o uso de recursos sociais em bets

O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou, no último domingo (15), que o governo federal tome medidas imediatas para evitar que os recursos do Bolsa Família e de outros programas sociais sejam utilizados em apostas online, conhecidas como bets. A decisão foi assinada pelo ministro Jhonatan de Jesus, que estabeleceu um prazo de 15 dias para que as pastas competentes apresentem soluções técnicas para barrar essa prática.

O ministro enfatizou a necessidade de que os ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, do Esporte e a Caixa Econômica Federal adotem providências para impedir a utilização de recursos públicos em atividades que não atendem aos objetivos constitucionais dos programas assistenciais. A medida visa proteger o erário e garantir a continuidade do atendimento às famílias em situação de vulnerabilidade.

“A atuação preventiva do Tribunal, ao impedir o desvio de finalidade desses recursos, visa proteger o erário, bem como a eficiência e a legitimidade da política pública, sem gerar impacto negativo irreversível para os beneficiários”, afirmou o ministro em despacho. Ele também destacou que a regulamentação das apostas, que deve entrar em vigor em janeiro de 2025, ainda não possui mecanismos de fiscalização adequados, o que torna a situação ainda mais preocupante.

Recentemente, um estudo do Banco Central revelou que, em agosto de 2024, cerca de 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família enviaram aproximadamente R$ 3 bilhões para empresas de apostas por meio de transferências via Pix. Essa informação gerou um alerta sobre o uso indevido de recursos sociais em atividades de risco, como as apostas online, que podem levar a problemas como a ludopatia e o endividamento das famílias.

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Além disso, a Advocacia-Geral da União (AGU) havia informado ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o governo enfrenta dificuldades operacionais para implementar medidas que impeçam o uso do Bolsa Família em apostas. A AGU argumentou que não há condições técnicas para barrar essa utilização, uma vez que é desafiador identificar quais recursos são provenientes do programa social e quais são de outras fontes de renda.

A decisão do TCU foi motivada por uma representação do Ministério Público, que solicitou a adoção de medidas para evitar o desvio de finalidade dos recursos públicos. O ministro Jhonatan de Jesus ressaltou que a proibição é essencial para garantir que os benefícios sociais sejam utilizados de forma adequada e que não se transformem em um fardo para as famílias mais vulneráveis.

O debate sobre o uso dos recursos do Bolsa Família em apostas online ganhou força após a decisão do ministro Luiz Fux, do STF, que já havia determinado restrições ao uso do programa social para esse fim. A medida, que foi confirmada em votação unânime pelo plenário do STF, visa proteger os interesses dos beneficiários e evitar que recursos destinados a programas assistenciais sejam desviados para atividades de risco.

Com a pressão crescente sobre o governo para que tome ações efetivas, a expectativa é que as medidas solicitadas pelo TCU sejam implementadas rapidamente, garantindo a proteção dos recursos públicos e a integridade dos programas sociais.

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