União Europeia investiga TikTok por suspeita de interferência nas eleições romenas
Comissão Europeia analisa conteúdo político e sistemas de recomendação da plataforma após indícios de manipulação eleitoral
BRUXELAS – A Comissão Europeia anunciou, nesta terça-feira (17), a abertura de uma investigação formal contra o TikTok, em resposta a preocupações sobre a possível interferência de agentes estrangeiros nas eleições presidenciais da Romênia, realizadas no mês passado. A decisão surge após a vitória do candidato de direita, Călin Georgescu, no primeiro turno, que foi posteriormente anulada por juízes do país, citando suspeitas de manipulação russa.
A investigação se concentrará na análise de anúncios políticos e conteúdo pago veiculado na plataforma, além de examinar os sistemas de recomendação do TikTok e os riscos associados à manipulação de informações. A Comissão já havia ordenado, no início deste mês, que a empresa congelasse os dados relacionados às eleições romenas, conforme estipulado pela Lei de Serviços Digitais da União Europeia, que regula a atuação das principais redes sociais na região.
A abertura do processo formal permite à Comissão Europeia adotar medidas adicionais e aceitar compromissos que o TikTok possa oferecer. A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, enfatizou a necessidade de proteger as democracias europeias de interferências externas, afirmando: “Após sérios indícios de que atores estrangeiros interferiram nas eleições presidenciais romenas usando o TikTok, estamos agora investigando minuciosamente se a plataforma violou a Lei de Serviços Digitais ao não lidar com esses riscos”.
Esta é a terceira investigação que a Comissão lança contra o TikTok, refletindo a crescente preocupação com a influência de plataformas digitais nas democracias. A empresa, que pertence à ByteDance, uma gigante chinesa de tecnologia, já se posicionou afirmando que tem tomado medidas para proteger a integridade de sua plataforma em mais de 150 eleições ao redor do mundo e que não aceita anúncios políticos pagos.
Além disso, o TikTok declarou que remove proativamente conteúdo que infrinja suas políticas sobre desinformação e discurso de ódio. A Comissão Europeia, por sua vez, não estabeleceu um prazo específico para a conclusão dos procedimentos, mas a investigação pode ter implicações significativas para a operação da plataforma na Europa.
A preocupação com a interferência eleitoral não se limita à Romênia. A Comissão também está atenta ao risco de manipulação nas próximas eleições parlamentares na Alemanha e nas eleições presidenciais na Croácia, que começam em 29 de dezembro. Ursula von der Leyen reiterou: “Devemos proteger nossas democracias de qualquer tipo de interferência estrangeira. Sempre que suspeitarmos de tal interferência, especialmente durante eleições, temos que agir rápida e firmemente”.
Com a crescente pressão sobre as plataformas digitais para garantir a transparência e a segurança em processos eleitorais, a investigação do TikTok pode servir como um alerta para outras redes sociais sobre a necessidade de se adaptarem às novas exigências regulatórias da União Europeia.
Veja também: