A Operação Tacitus investiga um esquema de corrupção envolvendo membros da Polícia Civil de São Paulo e o PCC.
18 de Dezembro de 2024 às 09h50

Delegado e policiais civis são presos por suposta negociação de R$ 30 mi com o PCC

A Operação Tacitus investiga um esquema de corrupção envolvendo membros da Polícia Civil de São Paulo e o PCC.

A Polícia Civil de São Paulo está no centro de uma investigação que resultou na prisão do delegado Fábio Baena Martin, do policial civil Marcelo Roberto Ruggieri e dos investigadores Eduardo Lopes Monteiro, Marcelo Marques de Souza e Rogério de Almeida Felício. Todos são acusados de terem negociado propinas que somam R$ 30 milhões com integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das facções criminosas mais poderosas do Brasil.

A Operação Tacitus, que culminou nas prisões, foi desencadeada após um acordo de colaboração premiada feito pelo empresário Vinicius Gritzbach, que foi preso no aeroporto de Guarulhos no dia 8 de novembro. Gritzbach delatou um esquema de corrupção e extorsão que envolvia membros da própria Polícia Civil.

De acordo com a investigação, o delegado Fábio Baena Martin teria utilizado seu cargo para proteger criminosos do PCC em investigações em troca de vantagens financeiras. Os pagamentos, segundo os relatos, não eram feitos apenas em dinheiro, mas também incluíam relógios de luxo e até a transferência de um sítio para o delegado e Eduardo Monteiro.

Eduardo Monteiro, que é sobrinho da corregedora-geral da Polícia Civil, Rosemeire Monteiro de Francisco Ibanez, é acusado de ter dado a entender a aliados que não temia investigações disciplinares devido ao seu parentesco. Em uma conversa interceptada, ele chegou a afirmar que seria preso se o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) analisasse suas movimentações financeiras.

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A evolução patrimonial dos envolvidos chamou a atenção do Ministério Público, que apontou que o patrimônio acumulado pelos policiais não é compatível com os salários que recebem como servidores públicos. Além dos policiais, também foram detidos o advogado Ahmed Hassan Saleh, conhecido como Mude, e o empresário Robinson Granger de Moura, o Molly, ambos suspeitos de lavar dinheiro para o PCC.

O juiz Paulo Fernando Deroma de Mello, responsável pela operação, determinou o bloqueio do patrimônio dos investigados até o limite de R$ 30 milhões. Ele justificou a medida afirmando que a constrição patrimonial é necessária para impedir a continuidade de práticas criminosas e garantir a ordem pública.

“Caso os elementos colhidos até o momento sejam confirmados na investigação em curso, pode-se afirmar, sem dúvida alguma, que o Brasil tornou-se um Narco-Estado”, declarou o juiz em sua decisão. A gravidade das acusações e a possível conivência de agentes públicos com o crime organizado levantam questões sérias sobre a integridade das instituições de segurança pública no país.

A defesa de Fábio Baena Martin e Eduardo Monteiro se manifestou, alegando que as prisões são arbitrárias e que os fatos já foram investigados e arquivados anteriormente. O advogado Anderson Minichillo, que representa Marcelo Ruggieri, informou que ainda não teve acesso aos autos do processo e aos motivos que justificaram a prisão de seu cliente.

Os advogados de defesa criticaram a falta de comunicação sobre a prisão e o cumprimento do mandado de busca, afirmando que isso reforça a ilegalidade do processo. A defesa está tomando medidas para contestar a prisão e garantir os direitos de seus clientes, que, segundo eles, não causaram embaraço às investigações.

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