Ex-vereador do Rio de Janeiro foi sentenciado a um ano de detenção, com pena convertida em serviços comunitários; defesa não se manifestou.
20 de Dezembro de 2024 às 12h22

Gabriel Monteiro é condenado por invasão a hospital durante a pandemia de Covid-19

Ex-vereador do Rio de Janeiro foi sentenciado a um ano de detenção, com pena convertida em serviços comunitários; defesa não se manifestou.

O ex-vereador Gabriel Monteiro, conhecido por sua atuação polêmica no Rio de Janeiro, foi condenado a um ano de detenção por invadir a Coordenação de Emergência Regional do Leblon durante a pandemia de Covid-19. A decisão, proferida pela juíza Maria Tereza Donatti, ocorreu na última terça-feira e a pena foi convertida em prestação de serviços comunitários.

A condenação se baseia em um incidente ocorrido em março de 2021, quando Monteiro, acompanhado de assessores, adentrou a unidade hospitalar sem autorização, alegando realizar uma “vistoria”. Apesar da negativa da direção do hospital, o ex-vereador e sua equipe circularam pelas alas, filmando pacientes e funcionários, o que gerou a denúncia do Ministério Público.

Durante a invasão, Monteiro e seus assistentes utilizaram Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) sem autorização e sem o conhecimento técnico necessário. Eles acessaram o Centro de Terapia Intensiva (CTI) destinado a pacientes com Covid-19, onde 20 pessoas estavam em ventilação mecânica, necessitando de cuidados intensivos. A juíza destacou que a utilização inadequada dos EPIs e a falta de higienização de equipamentos, como celulares, representaram um risco à saúde pública.

“Em determinado momento, o denunciado e seus assistentes vestiram os EPIs destinados à equipe hospitalar, sem autorização e sem ter o conhecimento técnico de como usá-los”, afirmou a juíza em sua decisão. Além disso, após a movimentação na ala de Covid-19, Monteiro se dirigiu a outra área do hospital, expondo pacientes e funcionários ao risco de contaminação.

- CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE -

Ao proferir a sentença, a juíza enfatizou que a conduta de Monteiro não se tratava de uma simples infração, mas de uma grave violação das normas sanitárias. “Não estamos aqui tratando do cidadão que foi à praia sem máscara durante a pandemia. O que temos aqui é um ex-vereador, que foi cassado pela Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro por quebra de decoro parlamentar, investigado por estupro de vulnerável e assédio contra assessores”, destacou a magistrada.

Gabriel Monteiro, que já havia perdido seu mandato em 2022 devido a diversas acusações, incluindo assédio e exposição vexatória de pessoas em situação de rua, está preso desde novembro de 2022, enfrentando acusações de estupro. Na época de sua prisão, ele gravou um vídeo negando as acusações e afirmando que suas ações sempre foram pautadas na legalidade.

A defesa de Monteiro foi contatada para comentar a condenação, mas não se manifestou até o fechamento desta matéria. A situação do ex-vereador levanta questões sobre a responsabilidade de figuras públicas durante crises de saúde, especialmente em um momento em que a sociedade enfrentava desafios sem precedentes devido à pandemia.

O caso de Gabriel Monteiro é emblemático e reflete a complexidade das ações de políticos em tempos de crise. A invasão ao hospital, sob o pretexto de fiscalização, expôs a fragilidade das normas de segurança em instituições de saúde e a necessidade de um debate mais profundo sobre a ética e a responsabilidade no exercício da função pública.

Veja também:

Tópicos: