A disseminação do H5N1 nos EUA levanta preocupações sobre uma possível pandemia e seus impactos no mundo.
21 de Dezembro de 2024 às 12h59

Gripe aviária pode se tornar um problema global? Entenda os riscos atuais

A disseminação do H5N1 nos EUA levanta preocupações sobre uma possível pandemia e seus impactos no mundo.

O recente surto de gripe aviária (H5N1) na Califórnia, que levou o governo do estado a declarar estado de emergência de saúde pública, tem gerado preocupações sobre a possibilidade de a doença se tornar um problema global. O alerta foi acendido após a confirmação do primeiro caso grave da doença nos Estados Unidos, onde um morador da Luisiana foi hospitalizado.

Até o momento, o H5N1 tem demonstrado uma capacidade alarmante de adaptação, afetando não apenas aves, mas também mamíferos e causando crises na avicultura. De acordo com dados recentes, aproximadamente 125 milhões de aves e 866 rebanhos leiteiros foram impactados pela doença nos EUA. Além disso, 61 casos de infecção em humanos foram registrados no país, embora a maioria tenha apresentado sintomas leves.

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, assegurou que o risco para a população em geral continua baixo, mas enfatizou a importância de medidas preventivas para evitar a disseminação do vírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS) corroborou essa avaliação, afirmando que o H5N1 ainda não se espalha facilmente entre humanos.

No entanto, especialistas alertam para o aumento do risco de mutações do vírus, especialmente à medida que ele se propaga entre diferentes espécies de animais. A infectologista Nancy Bellei, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, destacou que a ocorrência de novos casos graves não é incomum, citando surtos passados, como o de 2003. A cada nova infecção, cresce a preocupação de que o vírus possa se tornar mais transmissível para os humanos.

Ralcyon Teixeira, diretor da divisão médica do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, ressaltou que a mutação do vírus é uma preocupação global, pois os vírus da influenza têm uma notável capacidade de se alterar, o que pode levar ao surgimento de pandemias. “A preocupação é mundial porque os vírus da influenza têm uma capacidade de mutação grande, levando ao risco de causar pandemias”, afirmou.

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Embora atualmente não existam evidências de que o H5N1 consiga se espalhar entre pessoas, a possibilidade de coinfecções, onde uma pessoa já infectada com outro vírus influenza contrai o H5N1, preocupa os pesquisadores. Isso poderia facilitar a transmissão sustentada do vírus entre humanos, um cenário que já foi observado em pandemias anteriores.

Dados da OMS indicam que, entre janeiro de 2003 e novembro de 2024, foram registradas 939 infecções por vírus aviários em humanos, com uma taxa de letalidade alarmante de 49%. Apesar disso, a maioria dos casos nos EUA foi leve, apresentando sintomas como conjuntivite, febre alta e dificuldades respiratórias.

Os especialistas alertam que uma pandemia só ocorreria se o vírus adquirisse a capacidade de se transmitir continuamente entre humanos, sem depender do contato com animais. Em julho, pesquisadores da Universidade Cornell encontraram evidências de transmissão sustentada da gripe aviária entre mamíferos, o que aumenta a preocupação sobre a possibilidade de uma mutação que facilite a transmissão entre humanos.

Embora o Brasil não tenha registrado casos humanos de gripe aviária até o momento, o país está em estado de emergência zoossanitária desde maio de 2023, devido a infecções em aves silvestres. O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) mantém monitoramento constante e ações de conscientização para evitar a propagação do vírus no território nacional.

Em suma, a situação atual exige vigilância e preparação, pois a gripe aviária, embora ainda controlada, apresenta riscos que não podem ser ignorados. A comunidade científica continua a monitorar a evolução do vírus e suas potenciais implicações para a saúde pública global.

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