Grupo de líderes latino-americanos pede ação internacional diante da escalada de violência e entrega de asilados ao regime de Maduro
22 de Dezembro de 2024 às 06h00

Ex-chefes de Estado denunciam invasão armada à embaixada argentina em Caracas

Grupo de líderes latino-americanos pede ação internacional diante da escalada de violência e entrega de asilados ao regime de Maduro

Um grupo de 27 ex-chefes de Estado e de governo da América Latina e do Caribe divulgou uma carta neste sábado (21) denunciando a invasão armada à embaixada da Argentina em Caracas, onde seis opositores do regime de Nicolás Maduro estão asilados desde março. O comunicado, assinado por integrantes da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (IDEA), clama por uma ação internacional em resposta à crescente violência na Venezuela.

A invasão armada à embaixada é descrita como uma “violação da Convenção de Viena sobre relações diplomáticas”, com o intuito de “pressionar os asilados por meio da falta de suprimentos e do isolamento”. Os asilados são apoiadores da líder da oposição, María Corina Machado, que tem sido alvo de repressão por parte do governo venezuelano.

Os ex-chefes de Estado afirmam que um dos asilados, Fernando Martínez Mottola, foi entregue ao governo de Maduro, supostamente para que “incrimine seus companheiros por atividades golpistas”. A carta destaca que Mottola não recebeu proteção enquanto aguardava um salvo-conduto para deixar o país em segurança.

Fernando Martínez Mottola, que foi ministro dos Transportes e Comunicações durante a presidência de Carlos Andrés Pérez na década de 1990, é um dos seis opositores asilados na embaixada. Além dele, estão Pedro Urruchurtu, coordenador de relações internacionais do partido Vente Venezuela; a ativista Magalli Meda; o ex-deputado Omar González; a jornalista Claudia Macero; e Humberto Villalobos.

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Os líderes latino-americanos ressaltam que a falta de insumos e o isolamento dos asilados são parte de uma estratégia de “terrorismo de Estado” promovida pelo regime de Maduro. O comunicado pede uma intervenção urgente da Organização dos Estados Americanos (OEA), da União Europeia e do Tribunal Penal Internacional (TPI) para proteger os direitos humanos e evitar novos abusos.

Desde agosto, a embaixada argentina tem sido protegida pelo Brasil, após a Venezuela romper relações diplomáticas com a Argentina, que alegou fraude nas eleições que declararam Maduro como presidente reeleito. O governo brasileiro se recusou a reconhecer a legitimidade das eleições.

No final de novembro, policiais venezuelanos cercaram a residência da embaixada argentina, cortando serviços essenciais como água e energia elétrica, e impedindo a entrada de suprimentos. O Ministério das Relações Exteriores argentino denunciou os atos como “intimidação e hostilidade”, exigindo que a Venezuela emitisse os salvo-condutos para os asilados, o que ainda não ocorreu.

O comunicado conclui com um apelo à comunidade internacional para que intervenha de forma decisiva na proteção dos direitos dos asilados e na restauração da ordem democrática na Venezuela, que tem enfrentado uma crise humanitária sem precedentes.

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