Opositores de Maduro enfrentam perseguição em embaixada sob custódia do Brasil
Refugiados há nove meses na embaixada, eles denunciam assédio e falta de serviços básicos.
Seis opositores do governo de Nicolás Maduro estão refugiados na Embaixada da Argentina, sob custódia do Brasil, há nove meses, após serem acusados de crimes como "conspiração" e "traição à pátria" pela Procuradoria-Geral da Venezuela. O grupo, que inclui Pedro Urruchurtu, coordenador internacional da campanha de Maria Corina Machado, chegou ao local em 20 de março, buscando proteção diante da repressão do regime.
A situação na embaixada se deteriorou, com os refugiados denunciando a falta de eletricidade e água, além de assédio constante por parte das forças de segurança venezuelanas. Recentemente, eles relataram que estão sem abastecimento de energia elétrica e enfrentam dificuldades para obter água potável, o que agrava ainda mais suas condições de vida.
O governo de Maduro, que revogou a autorização dos diplomatas argentinos para permanecerem no país, alega que os opositores estariam planejando atos terroristas. Entretanto, a oposição e os próprios refugiados afirmam que a embaixada se tornou um alvo de assédio e perseguição, com a presença constante de forças de segurança nas proximidades.
“Estamos sem eletricidade desde 23 de novembro e não recebemos aviso sobre cortes de serviços”, declarou Urruchurtu, ressaltando que a falta de energia e água é uma violação da Convenção de Viena sobre relações diplomáticas. A situação é descrita como um "terror psicológico", com os opositores sendo vigiados e ameaçados constantemente.
O governo venezuelano, por sua vez, tem se defendido das acusações, afirmando que as ações são respostas a tentativas de ingerência externa. O ministro de Relações Interiores, Diosdado Cabello, minimizou as denúncias de assédio, afirmando que a embaixada está em pleno funcionamento e que os opositores devem arcar com suas obrigações.
As denúncias de assédio à embaixada foram corroboradas por organizações internacionais, que expressaram preocupação com a situação dos refugiados. A Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (IDEA) emitiu uma nota de alerta sobre a possibilidade de uma invasão armada à embaixada, o que seria uma grave violação das normas internacionais.
Os opositores, que se consideram civis desarmados e indefesos, afirmam que o regime de Maduro está intensificando a repressão contra qualquer forma de dissidência. A filha de uma das refugiadas, Eugenia Olavarría, relatou que sua mãe e os demais estão sendo constantemente ameaçados e que a situação se torna cada vez mais insustentável.
“Estamos racionando tudo. A pouca eletricidade que temos, a pouca água que entra, a questão dos alimentos e primeiros socorros. É complicado com o assédio”, disse Urruchurtu, enfatizando a gravidade da situação.
As autoridades da Argentina e do Brasil têm sido pressionadas a intervir e garantir a segurança dos refugiados, que pedem a concessão de salvo-condutos para que possam deixar o país sem risco de prisão. A comunidade internacional, incluindo 13 países que se uniram em uma declaração conjunta na Organização dos Estados Americanos (OEA), exige a proteção dos direitos dos opositores e a garantia de que não serão perseguidos.
O dia 10 de janeiro se aproxima, data em que Maduro tomará posse novamente como presidente, e a tensão entre o regime e a oposição continua a aumentar. Os opositores, que já enfrentaram diversas dificuldades, permanecem em estado de alerta, temendo por suas vidas e pela continuidade da perseguição.
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