Frank-Walter Steinmeier toma decisão após colapso da coalizão do chanceler Olaf Scholz, que perdeu maioria no Parlamento.
27 de Dezembro de 2024 às 08h38

Presidente da Alemanha dissolve Parlamento e convoca eleições antecipadas para fevereiro

Frank-Walter Steinmeier toma decisão após colapso da coalizão do chanceler Olaf Scholz, que perdeu maioria no Parlamento.

O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, anunciou nesta sexta-feira (27) a dissolução da câmara baixa do Parlamento, o Bundestag, abrindo caminho para eleições antecipadas marcadas para 23 de fevereiro. A medida foi tomada após o colapso da coalizão governamental liderada pelo chanceler Olaf Scholz, que enfrentou uma crise política desde a perda da maioria legislativa em novembro.

A dissolução do Bundestag, que conta com 736 assentos, foi uma decisão esperada após o voto de desconfiança que Scholz sofreu no último dia 16, quando parlamentares se manifestaram contra sua liderança. A crise se intensificou após a demissão do ministro das Finanças, Christian Lindner, do Partido Democrático Livre (FDP), que resultou na perda de apoio do partido e, consequentemente, na maioria do governo.

Steinmeier justificou a dissolução ao afirmar que “especialmente em tempos difíceis, como agora, a estabilidade exige um governo capaz de agir e maiorias confiáveis no Parlamento”. Ele ressaltou a importância de que a próxima campanha eleitoral seja conduzida de forma justa e transparente, evitando influências externas que possam comprometer a democracia.

A decisão de convocar eleições antecipadas é um marco na política alemã, uma vez que apenas ocorreram três eleições antecipadas nos últimos 75 anos. O cenário atual é complicado pela ascensão do partido de extrema direita, Alternativa para a Alemanha (AfD), que aparece em algumas pesquisas à frente do Partido Social-Democrata (SPD) de Scholz, que atualmente ocupa a terceira posição nas intenções de voto.

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Os conservadores, liderados por Friedrich Merz, estão em uma posição confortável nas pesquisas, com cerca de 31% de apoio, enquanto a AfD segue com aproximadamente 19% e o SPD com 16%. Os Verdes, que também fazem parte da coalizão, estão em quarto lugar, com cerca de 13% das intenções de voto.

A situação política da Alemanha é ainda mais complexa devido à recusa dos partidos tradicionais em formar uma coalizão com a AfD, o que pode resultar em um Parlamento fragmentado e coalizões instáveis. A expectativa é que a campanha eleitoral comece oficialmente com a dissolução do Parlamento, e os partidos já se mobilizam para conquistar a confiança do eleitorado.

O chanceler Olaf Scholz, que permanecerá no cargo até a formação de um novo governo, enfrenta críticas crescentes por parte da oposição, que o acusa de implementar regulamentações excessivas que teriam sufocado o crescimento econômico do país. Scholz, por sua vez, defende a necessidade de um governo forte e coeso para enfrentar os desafios atuais.

Com a dissolução do Parlamento, o presidente Steinmeier tem um prazo de 21 dias para convocar as novas eleições, que devem ocorrer dentro do período estipulado pela lei eleitoral alemã, que determina que uma nova eleição deve ser realizada em até 60 dias após a dissolução.

A crise política na Alemanha ocorre em um contexto de tensões internacionais, especialmente em relação à Rússia, devido à guerra na Ucrânia. A instabilidade política interna pode impactar a posição da Alemanha na União Europeia, que já enfrenta desafios significativos.

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