Juros do cartão de crédito rotativo alcançam 445,8% ao ano em novembro de 2023
Taxa representa um aumento de 7,4 pontos percentuais em relação ao mês anterior; medidas de controle começam em 2024.
Em novembro de 2023, os juros médios aplicados pelos bancos nas operações de cartão de crédito rotativo atingiram a alarmante taxa de 445,8% ao ano, conforme dados divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (27). Este índice marca o maior patamar desde maio do mesmo ano e representa um aumento de 7,4 pontos percentuais em comparação ao mês anterior.
O crédito rotativo é uma alternativa utilizada por consumidores que não conseguem quitar a fatura integral na data de vencimento. Essa modalidade, embora ofereça uma solução imediata, tem se mostrado cada vez mais onerosa para os usuários, refletindo um cenário de encarecimento do crédito no Brasil.
Além do aumento nos juros do rotativo, a taxa de juros do parcelamento do cartão de crédito também apresentou uma elevação, passando de 180% para 183,3% ao ano. A taxa total do cartão, que considera tanto o rotativo quanto o parcelado, variou de 82,2% para 83,2% em novembro, evidenciando a tendência de alta nos custos financeiros associados ao uso do cartão de crédito.
Em um esforço para proteger os consumidores de encargos excessivos, o Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou que, a partir de 2024, os juros nas operações de crédito rotativo e parcelado não poderão ultrapassar 100% do valor da dívida original. Essa medida visa promover maior transparência nas taxas de juros praticadas pelos bancos e garantir que os consumidores não sejam sobrecarregados por dívidas impagáveis.
Os dados do Banco Central também indicam que os juros do cheque especial subiram de 135,5% em outubro para 137,7% em novembro, reforçando a tendência de aumento nas taxas de juros em diversas modalidades de crédito. Essa situação tem gerado preocupação entre especialistas e economistas, que alertam para os riscos de endividamento da população.
Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, destacou que a instituição não pretende descontinuar a série histórica de taxas, pois ela serve como referência para mostrar a velocidade de aumento ou redução dos juros. Segundo Rocha, essa informação é crucial para entender a dinâmica do sistema financeiro e os impactos nas finanças dos consumidores.
Embora as taxas apresentadas pelo Banco Central possam sugerir que os bancos estejam descumprindo a lei, a realidade é que essas taxas são uma extrapolação do juro cobrado ao mês para o ano. É importante ressaltar que os consumidores geralmente utilizam o crédito rotativo por períodos curtos, o que pode não refletir a taxa anual efetiva.
Com a implementação das novas regras em 2024, espera-se que haja uma mudança significativa no cenário do crédito rotativo, promovendo um ambiente mais saudável para os consumidores e reduzindo os riscos de endividamento excessivo.
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