Dólar inicia última sessão do ano em alta, cotado a R$ 6,21 com dados fiscais
Nesta segunda-feira (30), o dólar comercial abre em alta, refletindo novos dados das contas públicas brasileiras.
O dólar comercial abriu em alta nesta segunda-feira, 30 de dezembro, último dia de negociações do ano, alcançando a cotação de R$ 6,21. O movimento é influenciado pela repercussão de novos dados das contas públicas brasileiras, que continuam a preocupar investidores.
De acordo com informações do Banco Central do Brasil, o setor público consolidado registrou um déficit primário de R$ 6,6 bilhões em novembro. Esse resultado, embora negativo, representa uma melhoria em comparação ao mesmo mês do ano anterior, quando o déficit foi de R$ 37,3 bilhões. O déficit primário é a diferença entre as receitas e despesas do governo, sem considerar os juros da dívida.
Às 9h07, o dólar estava cotado a R$ 6,2130, com uma alta de 0,32% em relação ao fechamento anterior. Na última sexta-feira, 27 de dezembro, a moeda norte-americana havia encerrado o dia a R$ 6,1932, com uma valorização de 0,26%.
Com esses dados, o dólar acumula ganhos significativos: 2% na semana, 3,21% no mês e impressionantes 27,63% ao longo do ano. O mercado financeiro está atento a esses números, que refletem a instabilidade econômica e as expectativas em relação às políticas fiscais do governo.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, também começou a operar nesta segunda-feira, após ter encerrado a última sessão em baixa de 0,67%, aos 120.269 pontos. O índice acumulou uma queda de 1,50% na semana, 4,30% no mês e 10,37% no ano.
A situação das contas públicas brasileiras tem gerado discussões intensas entre analistas e investidores. Recentemente, o Congresso Nacional finalizou a tramitação de um pacote de cortes de gastos proposto pelo governo federal, que visa economizar R$ 71,9 bilhões nos próximos dois anos, totalizando R$ 375 bilhões até 2030. No entanto, mudanças feitas pelos parlamentares podem reduzir essa economia para R$ 69,8 bilhões, segundo cálculos do Ministério da Fazenda.
Durante uma coletiva de imprensa, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que as alterações não comprometem o resultado final do pacote. Ele destacou que “os ajustes feitos na redação não afetam o resultado final, mantendo na mesma ordem de grandeza os valores encaminhados pelo Executivo”.
Entretanto, a XP Investimentos contestou esses números, reduzindo suas expectativas de economia fiscal de R$ 52 bilhões para R$ 44 bilhões. Em um relatório, a empresa afirmou que, apesar da direção correta, o pacote é insuficiente para garantir o cumprimento das metas de resultado primário e a manutenção do limite de despesas nos próximos anos.
O governo enfrenta o desafio de zerar o déficit público nos próximos dois anos, o que implica em gastar o mesmo que arrecada em 2024 e 2025. A partir de 2026, a expectativa é que o governo comece a arrecadar mais do que gasta, a fim de controlar o endividamento público.
Por fim, a expectativa do mercado é que o governo tome medidas mais efetivas para controlar os gastos, especialmente em áreas como Previdência e benefícios sociais. No entanto, o governo tem se mostrado relutante em implementar mudanças que afetem políticas públicas e promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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