Na noite de sexta-feira, quatro indígenas, incluindo uma criança, foram baleados em Guaíra, no Paraná, em meio a tensões territoriais.
04 de Janeiro de 2025 às 16h36

Conflito por terras no Paraná resulta em ferimentos de quatro indígenas

Na noite de sexta-feira, quatro indígenas, incluindo uma criança, foram baleados em Guaíra, no Paraná, em meio a tensões territoriais.

Na noite de sexta-feira, 3 de março, quatro indígenas do povo avá-guarani ficaram feridos após um ataque a tiros em Guaíra, no oeste do Paraná. O incidente ocorreu em uma área marcada por disputas de terras entre comunidades indígenas e produtores rurais, refletindo um histórico de conflitos na região.

De acordo com informações da Polícia Federal, os disparos foram direcionados a uma comunidade indígena próxima ao bairro Eletrosul, resultando em ferimentos em quatro pessoas que necessitaram de atendimento médico. Entre os feridos, está uma criança de apenas quatro anos, que foi atingida na perna e levada para um hospital em Toledo.

Além da criança, duas outras vítimas também foram hospitalizadas, uma delas com ferimentos na perna e outra nas costas. Uma quarta pessoa, que sofreu um tiro no maxilar, foi encaminhada para um hospital em Cascavel, uma das maiores cidades do estado.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), que atua em defesa dos direitos dos povos indígenas, informou que os ataques à comunidade avá-guarani têm ocorrido desde o final de dezembro do ano passado. O Cimi destacou que homens encapuzados têm invadido a comunidade, disparando armas de fogo e causando destruição.

A Polícia Federal já iniciou investigações para identificar os responsáveis pelo ataque e apurar a autoria dos disparos. Forças de segurança pública, incluindo a Força Nacional, foram mobilizadas para a região com o objetivo de prevenir novos episódios de violência e proteger a comunidade indígena.

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O Ministério dos Povos Indígenas condenou a violência e afirmou que está em diálogo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública para garantir uma investigação imediata sobre os grupos armados que atuam na área. A situação na região é tensa, com relatos de que os ataques se intensificaram nos últimos meses.

As entidades que representam os povos indígenas, como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), relataram que, nos últimos dias, houve uma série de ataques que incluíram disparos de armas de fogo e incêndios criminosos, além da destruição de pertences pessoais dos indígenas.

O governo do Paraná também se manifestou sobre o episódio, afirmando que está cobrando celeridade do governo federal na resolução dos conflitos agrários na região. O governo estadual mencionou que forças estaduais foram mobilizadas para reforçar a segurança na área, em alinhamento com as ações das autoridades federais.

O conflito por terras no Paraná não é novo e remonta a décadas de disputas que se intensificaram com a construção da Itaipu Binacional, que afetou as terras onde vivem comunidades indígenas. Atualmente, os avá-guarani estão em processo de regularização de suas terras, mas enfrentam resistência e violência por parte de grupos que contestam seus direitos territoriais.

A situação dos avá-guarani é emblemática das tensões que envolvem os direitos dos povos indígenas no Brasil, onde a luta pela terra e pela preservação de suas culturas continua a ser um desafio constante. O Ministério da Justiça e Segurança Pública anunciou que aumentará o efetivo da Força Nacional na área em 50%, com o objetivo de garantir a segurança e a proteção das comunidades indígenas.

As investigações sobre o ataque de sexta-feira estão em andamento, e as autoridades locais permanecem em alerta para evitar novos incidentes. A situação continua a ser monitorada de perto por organizações de direitos humanos e entidades que defendem os direitos dos povos indígenas.

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