Governo aumenta efetivo da Força Nacional no Paraná após ataques a indigenas
Ministério da Justiça e Segurança Pública intensifica presença em Guaíra e Terra Roxa após violência contra a comunidade Avá-Guarani.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) anunciou um aumento de 50% no efetivo da Força Nacional nos municípios de Guaíra e Terra Roxa, localizados no oeste do Paraná. A decisão foi tomada após uma série de ataques violentos contra a comunidade indígena Avá-Guarani, que resultaram em ferimentos em quatro de seus membros, hospitalizados após serem baleados na última sexta-feira, dia 3.
As operações da Força Nacional começaram no sábado, dia 4, embora o número exato de agentes destacados para a região não tenha sido revelado por questões de segurança. A presença das forças de segurança visa garantir a proteção da comunidade e prevenir novos episódios de violência.
A Polícia Federal (PF) também se mobilizou, abrindo um inquérito para investigar a autoria e a responsabilidade pelos ataques. Na manhã de sábado, peritos da PF realizaram uma investigação no local do conflito, com o apoio de forças de segurança pública federais, estaduais e municipais, que se uniram para evitar a continuidade da violência.
Os ataques ocorreram na área da Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirã, que ainda está em processo de demarcação. De acordo com informações de entidades indígenas, a violência contra os Avá-Guarani tem se intensificado desde o dia 29 de dezembro, com relatos de invasões à comunidade, lançamento de bombas e incêndios em barracos.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) denunciou que homens armados têm invadido a comunidade todas as noites, gerando um clima de medo e insegurança entre os moradores. A situação crítica levou o MJSP a adotar medidas emergenciais para restaurar a ordem e proteger os direitos dos indígenas na região.
Além do aumento do efetivo, o MJSP informou que ações preventivas estão sendo implementadas para evitar a escalada de tensões. Em nota, o ministério afirmou que as medidas já estão surtindo efeito e que a segurança na área está sendo monitorada de perto.
O conflito atual remonta a disputas de terras que se intensificaram após a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, entre 1973 e 1982. A obra resultou na remoção de comunidades indígenas de suas terras tradicionais e na submersão de áreas sagradas, como cemitérios e o Salto de Sete Quedas, um dos maiores conjuntos de cachoeiras do mundo.
Os indígenas reassentados em Guaíra continuam a reivindicar suas terras tradicionais, e a disputa entre fazendeiros e a comunidade indígena persiste até os dias atuais. Para abordar essa questão, foi criado um grupo de trabalho da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Paraná (Sesp) em julho de 2024, que inclui representantes de entidades de direitos indígenas e forças de segurança, com o objetivo de discutir soluções para a compensação de áreas e a realocação dos indígenas.
O cenário de violência e a necessidade de proteção da comunidade Avá-Guarani destacam a urgência de um diálogo efetivo entre as partes envolvidas, visando a construção de um ambiente pacífico e respeitoso para todos os cidadãos da região.
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