Força Nacional é reforçada no Paraná após ataque a indigenas da comunidade Avá-Guarani
O Ministério da Justiça aumentou em 50% o efetivo da Força Nacional no Paraná após ferimentos de quatro indígenas em ataque armado.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) anunciou um aumento de 50% no efetivo da Força Nacional de Segurança Pública na Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirã, localizada entre os municípios de Guaíra e Terra Roxa, no oeste do Paraná. A decisão foi tomada após um ataque a tiros que deixou quatro indígenas da comunidade Avá-Guarani feridos na noite da última sexta-feira, 3 de janeiro.
As vítimas, que incluem uma criança, foram atingidas em um contexto de crescente tensão e conflitos de terra na região. Segundo informações, os feridos foram imediatamente atendidos pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e encaminhados para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). O estado de saúde dos feridos ainda não foi divulgado.
Em nota, o MJSP informou que as equipes da Força Nacional foram deslocadas para a área ainda na noite do ataque, com o objetivo de apoiar a segurança local e prevenir novos episódios de violência. “Forças de segurança pública federais, estaduais e municipais estiveram no local para evitar a ocorrência de novos episódios de violência”, destacou o ministério.
A Polícia Federal (PF) está investigando o caso e já iniciou um inquérito para apurar a autoria e a responsabilidade criminal dos envolvidos no ataque. Na manhã de sábado, 4 de janeiro, peritos criminais realizaram uma análise no local do conflito, mas até o momento, ninguém foi preso.
Entidades representativas dos povos indígenas, como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), relataram que a comunidade Avá-Guarani tem enfrentado uma série de ataques armados desde o final de dezembro. Em nota, as organizações afirmaram que, em várias noites, homens armados invadiram a comunidade Yvy Okaju (antigo Y’Hovy), queimaram barracos e dispararam armas contra os indígenas.
“Neste período, todas as noites, homens armados invadiram a comunidade, dispararam com pistolas, espingardas e rifles, e lançaram bombas contra os indígenas, que aguardam a conclusão da demarcação de suas terras”, afirmaram as entidades em um comunicado conjunto.
De acordo com as informações divulgadas, ao menos seis indígenas já teriam sido feridos por disparos de armas de fogo nos últimos dias, incluindo uma criança de 4 anos. As organizações também relataram que houve queima de casas e vegetação na região, com os ataques sendo cometidos por homens encapuzados.
Em resposta à escalada de violência, o MJSP determinou que o efetivo da Força Nacional fosse reforçado na área, com equipes de prontidão e sobreaviso para intensificar o patrulhamento e proteger a comunidade. “Diante do risco de novos ataques, as ações adotadas já restabeleceram a ordem, e medidas preventivas estão em curso para evitar a escalada de tensões”, afirmou o ministério.
A presença da Força Nacional na Terra Indígena é uma tentativa de garantir a segurança dos indígenas e a integridade do patrimônio local. No entanto, a atuação do efetivo tem sido criticada por entidades que representam os povos indígenas, que alegam que a resposta do governo tem sido tardia e ineficaz.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) tem denunciado o acirramento dos conflitos na região, especialmente enquanto a comunidade aguarda a conclusão da demarcação da Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirã. Desde o final de dezembro, o povo Avá-Guarani tem sido alvo de disparos de arma de fogo e ataques violentos, o que tem gerado preocupação entre as lideranças indígenas e defensores dos direitos humanos.
O MJSP, por sua vez, reafirma seu compromisso com a mediação pacífica e a prevenção de conflitos, enquanto as investigações prosseguem para identificar os responsáveis pelos ataques e garantir a segurança da comunidade indígena.
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