Laudo aponta veneno em arroz que causou mortes em família no Piauí
Investigação sobre envenenamento em Parnaíba revela que veneno estava no baião de dois, prato consumido no dia anterior.
Um laudo pericial do Instituto de Medicina Legal (IML) revelou que o veneno que causou a morte de três pessoas de uma mesma família em Parnaíba, no Piauí, estava presente no baião de dois, um prato típico que mistura arroz e feijão, preparado no dia anterior ao incidente. O caso, que ocorreu no dia 1º de janeiro, está sendo investigado pela Polícia Civil como homicídio.
No dia da tragédia, após o almoço, nove membros da família apresentaram sintomas de envenenamento e foram hospitalizados. Entre as vítimas, um jovem de 18 anos e um bebê de apenas um ano e oito meses não resistiram e faleceram. Outras três pessoas continuam internadas, incluindo uma mulher de 32 anos e suas duas filhas.
O médico Antônio Nunes, diretor do IML, informou que o veneno encontrado no arroz era o terbufós, um organofosforado comumente utilizado como inseticida. “O veneno estava em grande quantidade no baião de dois, com grânulos visíveis”, afirmou o médico, destacando a gravidade da situação.
Inicialmente, havia suspeitas de que peixes doados à família poderiam estar contaminados, mas a perícia descartou essa hipótese, confirmando que nada foi encontrado nos peixes. O casal que fez a doação não é considerado suspeito, já que também consumiram o alimento sem problemas.
O veneno foi identificado como um potente neurotóxico, que pode causar tremores, crises convulsivas e até a morte. Os efeitos aparecem rapidamente após a exposição, e a substância pode deixar sequelas neurológicas permanentes.
O delegado Abimael Silva, responsável pela investigação, afirmou que é “impossível” que o veneno tenha chegado ao prato sem a intenção de alguém. “Estamos investigando se foi alguém da família ou se outra pessoa entrou na casa e envenenou o alimento”, comentou o delegado.
O caso é ainda mais trágico, pois a mãe das crianças falecidas, Francisca Maria da Silva, já havia perdido outros dois filhos em 2024, também por envenenamento. Na época, as crianças consumiram cajus contaminados, e a vizinha responsável pelo crime está presa.
Na noite de Réveillon, a família havia preparado uma ceia que incluía o baião de dois. No dia seguinte, o restante do prato foi servido com os peixes doados. Pouco tempo após a refeição, os primeiros sintomas começaram a aparecer, levando à hospitalização em massa.
As investigações continuam, e a polícia busca esclarecer como o veneno foi introduzido na comida. A tragédia gerou comoção na comunidade local e levanta questões sobre a segurança alimentar e a proteção das famílias em situações vulneráveis.
As vítimas do incidente são Manoel Leandro da Silva, de 18 anos; Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses; e Lauane da Silva, de 3 anos, que faleceu recentemente. A situação da família é crítica, e a comunidade se mobiliza para oferecer apoio.
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