Perícia revela contaminação por arsênio em bolo que causou mortes no RS
Análise pericial descarta intoxicação alimentar e aponta veneno em farinha usada no preparo do bolo
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul divulgou os resultados da perícia sobre o caso do bolo envenenado que resultou na morte de três pessoas em Torres, no Natal de 2024. Segundo as investigações, o veneno foi misturado à farinha utilizada na preparação do alimento, o que afastou a hipótese de intoxicação alimentar.
A análise pericial, conduzida pelo Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul, revelou que a quantidade de arsênio encontrada nas amostras de urina e estômago das vítimas era extremamente elevada. A menor concentração detectada foi 80 vezes superior ao limite considerado seguro para contaminação ocupacional, enquanto a maior atingiu 350 vezes esse limite.
A diretora-geral do Instituto, Marguet Mittmann, afirmou que a presença de arsênio no bolo “descarta a possibilidade de intoxicação alimentar”. Ela destacou que a farinha utilizada no preparo apresentava níveis de arsênio 2.700 vezes acima do limite aceitável, o que é alarmante e indica um ato deliberado.
As vítimas fatais foram identificadas como Neuza Denize Silva dos Anjos, de 65 anos, Tatiana Denize Silva dos Anjos, de 47, e Maida Berenice Flores da Silva, de 59. Elas consumiram o bolo durante uma confraternização familiar e, após a ingestão, foram hospitalizadas, mas não resistiram.
A principal suspeita do crime é Deise Moura dos Anjos, nora de Zeli Terezinha Silva dos Anjos, a responsável pelo preparo do bolo. Deise e Zeli teriam uma desavença antiga, que, segundo a polícia, não justifica o ato. A investigação continua em andamento, e a defesa de Deise afirmou que ainda não teve acesso completo aos detalhes da investigação.
Marguet Mittmann enfatizou que a análise de 89 amostras de farinha na residência onde o bolo foi preparado confirmou a presença de arsênio em quantidades alarmantes. “É impossível tratar-se de uma contaminação acidental. Os níveis encontrados são considerados tóxicos e letais”, afirmou a diretora.
Além das três mortes, outras três pessoas, incluindo uma criança, apresentaram sintomas e foram hospitalizadas, mas já receberam alta. Zeli Terezinha, que também consumiu o bolo, permanece internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes.
O caso gerou grande repercussão na região e levantou questões sobre a segurança alimentar e a responsabilidade na preparação de alimentos. A polícia segue investigando as circunstâncias que levaram a esse trágico incidente, enquanto a comunidade local aguarda respostas sobre o que ocorreu.
As investigações continuam, e a polícia está empenhada em esclarecer todos os detalhes que cercam este caso chocante, que abalou a cidade de Torres e levantou preocupações sobre a segurança alimentar em eventos familiares.
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