Venezuela rompe relações diplomáticas com Paraguai após apoio a opositor Gonzáles
Decisão ocorre após presidente paraguaio reconhecer Gonzáles como presidente eleito da Venezuela.
A Venezuela anunciou a ruptura de suas relações diplomáticas com o Paraguai nesta segunda-feira (6), em decorrência do apoio do presidente paraguaio, Santiago Peña, ao opositor Edmundo Gonzáles Urrutia. O governo venezuelano reagiu à reafirmação de Peña de que reconhece Gonzáles como o presidente eleito da Venezuela, uma declaração que gerou forte tensão entre os dois países.
O comunicado oficial da Chancelaria da Venezuela destacou que a decisão foi tomada em exercício da soberania do país e incluiu a determinação de retirar imediatamente todo o pessoal diplomático venezuelano do Paraguai. Este movimento é visto como uma resposta direta à conversa entre Peña e Gonzáles, que ocorreu por meio de uma reunião virtual também com a líder da oposição venezuelana, María Corina Machado.
Na sua mensagem, o presidente paraguaio enfatizou a importância da união na América do Sul para garantir o respeito à vontade popular e combater regimes considerados autoritários. Peña declarou: “Reafirmei o meu apoio à democracia e à vitória de Gonzáles como presidente, lembrando que análises internacionais independentes confirmaram sua ampla vitória nas eleições presidenciais de julho passado”.
A oposição venezuelana, que alega que Gonzáles venceu o atual presidente Nicolás Maduro com uma margem significativa, baseia suas afirmações em dados coletados durante o processo eleitoral. Observadores internacionais também corroboraram que houve problemas de transparência nas eleições, que foram amplamente criticadas.
Por outro lado, o órgão eleitoral da Venezuela, controlado por aliados de Maduro, declarou a vitória do atual presidente, mas não apresentou os dados completos das atas eleitorais, limitando-se a divulgar os percentuais de votos recebidos por cada candidato.
Maduro, que deve ser empossado para um terceiro mandato no próximo dia 10 de janeiro, enfrenta crescente pressão internacional, com países como os Estados Unidos já anunciando que reconhecerão Gonzáles como presidente. O opositor, que se encontra em exílio desde setembro, tem viajado por diversas nações da América Latina, incluindo Estados Unidos, Argentina e Uruguai, onde busca apoio para seu retorno ao país.
Recentemente, Gonzáles afirmou que pretende retornar à Venezuela para ser empossado no cargo de presidente no dia 10 de janeiro. Entretanto, as autoridades venezuelanas emitiram uma ordem de prisão contra ele e ofereceram uma recompensa de US$ 100 mil por informações que levem ao seu paradeiro.
A ruptura das relações entre Venezuela e Paraguai marca um novo capítulo nas tensões políticas da América do Sul, onde a polarização entre governos de esquerda e direita continua a gerar conflitos diplomáticos. A situação é um reflexo das complexas dinâmicas políticas que envolvem a região, especialmente em um momento em que a democracia e os direitos humanos estão sob escrutínio.
Com a crescente instabilidade política e as repercussões internacionais, o futuro das relações entre a Venezuela e seus vizinhos sul-americanos permanece incerto, enquanto a comunidade internacional observa atentamente os desdobramentos dessa crise.
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