Enrique Márquez, ex-candidato à presidência, é detido sob acusações de articular posse paralela do opositor Edmundo González.
09 de Janeiro de 2025 às 14h45

Ditadura de Maduro na Venezuela prende opositor antes da posse presidencial

Enrique Márquez, ex-candidato à presidência, é detido sob acusações de articular posse paralela do opositor Edmundo González.

Ditadura de Maduro na Venezuela continua a reprimir a oposição. Três dias antes da posse de Nicolás Maduro, marcada para esta sexta-feira (10), o ex-candidato à presidência Enrique Márquez, do partido Centrados, foi preso sob a acusação de tentar articular um golpe de Estado. O governo venezuelano alega que Márquez estaria organizando uma posse paralela do opositor Edmundo González a partir de uma embaixada no exterior.

A esposa de Márquez, Sonia Lugo de Márquez, denunciou a detenção em uma rede social, afirmando que seu marido foi sequestrado por grupos paramilitares. “Já se passaram 24 horas desde que meu marido, Enrique Márquez, foi sequestrado por grupos paramilitares que, usando a força como lei, pretendem silenciar e intimidar aqueles de nós que queremos um país melhor e temos uma visão diferente”, declarou Sonia.

O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, confirmou as acusações contra Márquez, afirmando que ele é o responsável por articular um golpe de Estado e a formação de um governo paralelo. “Como o senhor [Edmundo González] não pode vir aqui, ou não quer vir aqui, vão se reunir cinco criminosos na sede de uma embaixada estrangeira e lá vão juramentar Edmundo porque ele está em território venezuelano”, disse Cabello, enfatizando que “não há anjos aqui, menos entre os opositores”.

Antes das declarações de Cabello, deputados do partido Copei criticaram qualquer tentativa de formar uma administração paralela. O deputado e secretário-geral do Copei, Juan Carlos Alvarado, afirmou que “é inaceitável um governo interino, passado ou futuro, que pretenda deslegitimar as instituições do Estado venezuelano e se atribua qualidades administrativas sobre os ativos da República no estrangeiro”.

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Edmundo González, líder do grupo oposicionista Plataforma Unitária, prometeu retornar à Venezuela antes da posse de Maduro, acusando o governo de fraudar a eleição presidencial de 2024. Grupos da oposição convocaram manifestações para hoje (9), em resposta à detenção de Márquez.

A prisão de Enrique Márquez gerou repercussão internacional. Desde a votação que resultou na reeleição de Maduro, em 28 de julho de 2024, Márquez denunciava a falta de transparência na divulgação dos resultados eleitorais. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, expressou que a detenção de Márquez impede sua participação na posse de Maduro. “Assim como nosso amigo Enrique Márquez, um destacado progressista venezuelano, Carlos Correa, um destacado defensor dos direitos humanos na Venezuela, foi preso. Esse e outros fatos impedem minha presença pessoal na cerimônia de posse de Nicolás Maduro”, afirmou Petro em uma rede social.

Carlos Correa, diretor da ONG Espaço Público, também foi preso e seu paradeiro é desconhecido, segundo informações divulgadas por sua organização. O presidente colombiano ressaltou que a Colômbia não romperá relações com a Venezuela, mas pediu que os direitos humanos sejam respeitados no país.

A oposição e parte da comunidade internacional, incluindo Estados Unidos e União Europeia, têm apontado que a eleição venezuelana descumpriu as regras do país, não realizando auditorias e não divulgando os dados por mesa eleitoral, como sempre ocorreu. Os atos que contestaram o resultado eleitoral após 28 de julho de 2024 resultaram em dezenas de mortes e mais de 2 mil presos. Recentemente, a Justiça venezuelana liberou mais de 1,5 mil detidos nas manifestações.

O governo de Maduro defende que as eleições foram ratificadas pelas instituições do país, como o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), exigindo que a oposição respeite as decisões dos tribunais e que os governos estrangeiros não interfiram nas questões internas da Venezuela.

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