Oposição venezuelana se mobiliza contra posse de Maduro em meio a tensões
Marcha liderada por María Corina Machado promete desafiar a ditadura de Maduro em Caracas.
A oposição venezuelana se prepara para uma grande marcha nesta quinta-feira (9) em Caracas, em protesto contra a posse do presidente Nicolás Maduro, que se autodenomina líder do país desde 2013. O evento, marcado por um clima de tensão, contará com a presença de María Corina Machado, uma das principais figuras da oposição, que promete sair da clandestinidade para liderar o que classifica como um "dia histórico".
Maduro, que se prepara para assumir um controverso terceiro mandato consecutivo de seis anos, enfrenta sérias acusações de fraude nas eleições de 28 de julho, onde a oposição alega que seu candidato, Edmundo González Urrutia, obteve uma vitória clara, com cerca de 67% dos votos, em contraste com os 30% atribuídos ao atual presidente. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado por Maduro, não apresentou evidências concretas para validar os resultados divulgados.
Em meio a um cenário de repressão, onde a oposição tem enfrentado uma onda de prisões e violência, Machado declarou: “Essa tirania acabará e a Venezuela será livre.” A líder oposicionista, que está sob ameaça de prisão, não revelou o ponto de encontro da marcha por questões de segurança, mas garantiu que não perderá a oportunidade de protestar contra o regime.
O clima de medo se intensificou após uma brutal repressão a manifestações anteriores, que resultou em 28 mortes e mais de 2.400 prisões. O governo de Maduro, por sua vez, anunciou um "plano de defesa", mobilizando forças militares e policiais em Caracas, onde a presença de agentes de segurança armados é visível nas ruas.
Além disso, o governo chavista tem promovido uma marcha paralela em apoio a Maduro, reforçando sua estratégia de controle e intimidação. A cerimônia de posse está marcada para sexta-feira (10), no Parlamento, que também é dominado pelo chavismo.
As tensões aumentam com a prisão de opositores e ativistas, incluindo Carlos Correa, defensor da liberdade de expressão, e Enrique Márquez, que contestou a reeleição de Maduro. O governo também anunciou a prisão de supostos "mercenários", incluindo um funcionário do FBI, em um esforço para deslegitimar a oposição e justificar a repressão.
María Corina Machado, que se tornou um símbolo da resistência contra o regime, pediu que a população se una em atos pacíficos, desafiando a repressão militar. “Estou convencida de que nada vai acontecer”, afirmou Diosdado Cabello, um dos principais aliados de Maduro, em um tom de desprezo às mobilizações populares.
O apoio militar a Maduro permanece firme, com líderes das forças armadas alinhados ao regime, o que torna improvável uma mudança de lado por parte dos militares, mesmo diante da crescente insatisfação popular. Especialistas alertam que qualquer tentativa de rebelião militar enfrentaria riscos significativos.
Enquanto isso, a comunidade internacional observa atentamente os desdobramentos na Venezuela, onde a crise política e humanitária continua a se agravar, com apelos por negociações de boa-fé sendo feitos por líderes globais, incluindo o papa Francisco.
O desfecho da marcha e as reações do governo de Maduro serão cruciais para o futuro da oposição e da democracia na Venezuela, que se vê cada vez mais ameaçada pela tirania do regime.
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